(Review 168) - Heartless

Catherine é uma das donzelas mais desejadas do País das Maravilhas e a favorita do ainda solteiro Rei de Copas. No entanto, ela tem outros interesses: seu maior desejo é abrir uma doceria junto à sua melhor amiga e surpreender o Reino com seus deliciosos manjares. Mas a sua mãe tem uma opinião bem diferente e acha tudo isso uma insensatez para a vida de uma jovem com potencial para ser a futura Rainha de Copas. Durante o baile de gala em que poderia inclusive receber a proposta de casamento do rei, Catherine conhece Jest, o atraente e misterioso bobo da corte. Pela primeira vez ela sentirá a força da atração. Correndo o risco de ofender ao rei e enfurecer aos seus pais, Cath e Jest iniciam uma relação secreta. Catherine está decidida a escolher seus próprios caminhos, e isso inclui amar quem deseja. 

Heartless é um livro que desejava ler ainda este mês. Desde que foi publicado li sempre diversas opiniões positivas no Goodreads e, o fato de tratar-se de uma história autoconclusiva, escrita pela talentosa Marissa Meyer me deixava ainda mais intrigada. Alie-se à isso o detalhe de que é um retelling da história da infame Rainha de Copas (Reina de Corazones) do clássico de Alice no país das maravilhas, minha curiosidade multiplicava. Entretando, talvez justamente por ansiar demais, terminei o livro frustrada, pois embora tenha sido um bom livro, não foi para nada a obra magnifica que esperava encontrar. 

Primeiramente achei Heartless um livro bastante denso. A história demora pra engrenar e até certa parte a história me pareceu cansativa, eu não conseguia ter interesse em seguir lendo. Junto à isso, a personagem principal Catherine tampoco coopera para que a leitura se faça interessante. Catherine, aquela que futuramente se fará conhecida pela frase: "Cortem-lhe a cabeça" me pareceu uma jovem bastante sem graça. É uma protagonista sem magia, com pouco carisma, até mesmo tola. Seu comportamento submisso e passivo me exasperava, faltou mais atitude em Cath, ela foi demasiado volúvel, frágil, deixando-se levar. Esperava por alguém mais determinado, disposto a sacrificar-se por esse grande amor que acreditava sentir, mas me desapontei porque Catherine atua de maneira tão covarde que inclusive me pareceu dificil crer no amor que ela dizia sentir por Jest.
Apesar da autora conseguir conectar de maneira inteligente a trama original do clássico com sua história, Catherine foi dificil de compreender. Na verdade, entender porque ela se tornará uma monarca arbitrária, louca e prepotente foi fácil, dificil mesmo foi crer em suas motivações, em suas atitudes, pois é um personagem que se contradiz à todo o instante e que vacila mesmo diante das situacões mais banais. Catherine não é vitima. Se ela sofre ou é oprimida considero que é por eleição própia, mais que tudo. Catherine jamais diz não, ela não reage, permite que os outros decidam por ela, inclusive nos momentos em que sua vida e destino parecem pender por um fio. E justamente por conta dessa insegurança, ela paga o preço mais alto, condenando-se à tornar-se o odiado personagem que conhecemos no clássico de Alice. Em resumidas contas, Catherine é uma protagonista apática, sofrivel, uma boneca de porcelana que precisa ser guiada e manejada por outros, incapaz de reagir. E isso me tirou do sério no personagem. 

O ponto alto do livro acaba sendo os outros personagens que agregam à história toda a magia que Catherine não é capaz de manter. O Chapeleiro Maluco, a Lebre, o Gato Cheshire, Jest o bobo da corte, o próprio Rei de Copas e o Coelho agregam emoção à história e resultam ser personagens mais interessantes do que a protagonista vazia. A trama se salva justamente por conta das histórias paralelas, pois o leitor à todo o momento sente a curiodade natural em desvendar os perigos que ameaçam o Reino de Corações, através da figura sinistra do Jabberwocky, um monstro ameaçador que parece haver surgido do nada e carrega consigo um mistério dificil de desvendar. Além disso, a ambientação magnifica que a autora consegue trazer é todo um acerto. Marissa Meyer realmente consegue fazer o leitor visualizar o mágico Reino de Corações com todas as suas esquisitices e peculiaridades, a autora é ótima em suas descrições, bastante precisa sem tornar-se repetitiva ou pesada. 

A narração como disse anteriormente, me pareceu lenta, densa, bastante diferente de sua outra famosa obra, a tetralogia As Cronicas Lunares. 

Heartless demora pra tomar folego, tudo parece acontecer na velocidade de um conta gotas e em virtude desse ritmo mais pausado, da história sem ação e da protagonista sem carisma demorei bastante em conseguir finalizar o livro (planejava termina-lo antes do final de Novembro mas se tornou impossivel pois lia alguns capitulos e logo me cansava).

Enfim, viva as diferenças! Heartless é um livro que possui uma pontuação bastante alta no Goodreads e que tem agradado grande parte dos leitores portanto, eu sou a exceção! De modo que, se esse livro está na tua TBR e te apetece ler uma versão alternativa sobre a Rainha de Copas antes da chegada da Alice, não desanime por causa dessa resenha. Não foi o meu livro do ano, admito, mas isso não impede que seja o seu.