(Review 132) - Uma Tocha na Escuridão

Após a confusão ao final da quarta prova, Laia e Elias se vêem obrigados a fugir da cidade de Serra, perseguidos por um exército de máscaras. Agora, a sua única esperança é Darin, o irmão de Laia, cujos conhecimentos sobre o aço sérrico são a chave para o futuro dos acadêmicos. Mas Darin se encontra prisioneiro na prisão de Kauf, a mais impenetrável e perigosa prisão de todo o Império. Apesar do risco que isso significa, Laia está decidida a resgatar seu irmão e Elias está decidido à permanecer ao seu lado, mesmo que isso signifique renunciar a sua própria liberdade. Juntos terão que lutar cada passo para chegar ao seu destino e escapar de todos os seus inimigos: a cruel comandante, os soldados do Império, o sádico guardião de Kauf, e sobretudo, Helene Áquilla, submetida à vontade de Marcus, o retorcido novo Imperador. A garota que uma vez foi sua melhor amiga terá agora que enfrentar uma dura e indesejável missão: encontrar o traidor Elias Veturius e a sua aliada e, matar aos dois. 

Segunda parte de Uma chama entre as cinzas, mais uma vez Sabaa Tahir deixa claro que tem talento, e muito talento.

Se a primeira parte de esta impressionante tetralogia já havia me deixado fascinada, devo dizer que sua continuação superou, e muito, todos os acertos de sua antecessora.

Nesta segunda parte nos deparamos novamente com uma história ágil, fantástica e adictiva que prende desde os primeiros capítulos. A narração segue sendo em primeira pessoa, dessa vez intercalados entre Elias, Laia e Helene, o que nos permite sentir-nos mais próximos dos personagens e conhecê-los intimamente.

Laia segue sendo valente, seguramente se tornou uma de minhas protagonistas favoritas em distopia. Laia é forte, segura e apesar de cometer erros, jamais se contradiz em suas crenças e segue seus instintos sem questionar-se demasiado. Determinada em resgatar Darin da prisão de Kaul, nada será capaz de impedi-la em sua missão.

Junto à personagem, somos levados a conhecer melhor também personagens próximos à ela como Izzy, Keenan e Afya, que retornam nesta segunda parte adquirindo mais protagonismo e sendo eles mesmos muitas vezes as peças chaves para muitos dos conflitos e suas resoluções.

Elias está diferente, mais maduro e centrado, após abandonar de uma vez o Império, é considerado agora um fugitivo, um traidor e como tal está sendo caçado. Marcus, o novo Imperador, parece não se deter em seu objetivo de capturar Elias e oferece uma recompensa bastante alta por sua captura. 

Elias dessa vez estará mais fechado, focado em sua promessa de ajudar à Laia, mesmo sem saber que o preço deve ser alto já que coloca em risco não apenas a sua vida, mas de pessoas próximas à ele, como por exemplo a agora Verdugo de Sangre, Helene, sua ex fiel melhor amiga que deverá enfrentar à mais terrível missão que poderia haver sido-lhe imposta: Helene deverá caçar Elias e matar seu melhor amigo, para assim salvar a honra do Império e do novo sanguinário imperador à quem, como Verdugo de Sangre, deve lealdade.

Helene, que na primeira parte me caiu muito mal, consegue se redimir bastante nessa sequência. Através da narrativa em sua própria voz, conheceremos um pouco dos pensamentos da privilegiada filha do gens Aquilla e seremos testemunhos da grande mudança que passa o personagem. Do início ao final do livro, se nota uma mudança de atitude e pensamentos bastante radical em Helene, que deixa de ser a garotinha privilegiada e destacada para tornar-se alguém moldada à base de sofrimentos e renúncia. Helene passa a tornar-se mais humana e próxima ao leitor nesta sequência.

A ambientação segue sendo impressionante. Sabaa Tahir se inspirou na Antiga Roma para criar o Império desta tetralogia e suas descrições específicas nos imerge completamente em sua trama. 

Há personagens que, embora ainda não tenham demonstrado muito do que são, despertam a curiosidade do leitor, nos deixando ávidos pela terceira parte, que só deverá sair à luz em 2018.

Mais uma vez, devo destacar o quando me prendeu cada página dessa maravilhosa continuação que vale à pena ser lida. Os personagens são consistentes, os capítulos possuem ação, suspense e romance na dose certa e a autora nos envolve completamente em sua narrativa dividida em três diferentes vozes. Uma tetralogia inesquecível que recomendo muitíssimo.