(Review 131) - Ruína e Ascensão

A capital está em ruínas. O Darkling governa Ravka de seu trono de sombras. O destino da nação parece estar nas mãos de uma Conjuradora do Sol enfraquecida, de um rastreador sem forças e do que resta do que outrora foi um grande exército mágico. Oculta nas profundezas de uma antiga rede de túneis e cavernas, Alina está fragilizada e deve se submeter à duvidosa proteção do Apparat e de fanáticos que a adoram como uma santa. No entando, sua esperança está em outro lugar e seus planos exigem que ela recupere as forças para sair dali o mais rápido possível. Para isso, terá que forjar novas alianças e deixar de lado as velhas rivalidades como Maly para encontrar o último dos amplificadores de Morozova. 

Embora a primeira parte da trilogia Grisha, Sombra e Ossos, me convenceu bastante com toda aquela ambientação fascinante com ares de Rússia medieval... a segunda parte, Sol e Tormenta, me pareceu bastante fraca, com uma protagonista que muitas vezes me irritava. Nunca entendi bem porquê tanta hype ao redor dessa trilogia já que, até a segunda parte, a saga pintava bastante mediana... porém, confesso, que após terminar a trilogia e ter lido essa terceira parte passo a entender o fascínio que a história traz, já que fica claro como a escrita da autora evoluiu.

Leigh Bardugo consegue finalizar com maestria a trilogia, nos apresentando um desfecho cheio de ação, cenas românticas que nos arrancam mais de um suspiro, conspirações e traições de arrepiar e mais, personagens que amadureceram, mudaram e aprenderam a lidar com suas próprias imperfeições.

Alina, por grande parte do livro, segue sendo uma garota frágil e gananciosa. Confesso que nunca entendi como a poderosa Invocadora do Sol parece nunca ser capaz de defender-se de qualquer ataque e, pior que isso, me custava entender a atração implacável que Alina parece sentir pelo Darkling quando este praticamente a destroçou desde o princípio. Por vários momentos da leitura a personagem me caiu bastante mal, por sua excessiva ambição. Porém, Alina consegue se regenerar bastante perto do final, ao finalmente fazer as escolhas certas.

Malyen... o que dizer desse personagem carismático e encantador que, apesar de suas falhas, sempre foi meu favorito desde o princípio?

Maly esteve aí, sempre leal e fiel, sempre mantendo a esperança e disposto a sacrificar-se pelos seus ideais e pela garota que ama. Me alegra ver que, pouco a pouco, o personagem foi ganhando importancia, até finalmente tornar-se fundamental na saga. 

O Darkling desta vez mostra porquê é o grande vilão de Ravka. Nesta terceira parte seu lado mais vingativo, cruel e sanguinário vem à tona, porém, ao ser um personagem cheio de facetas e surpresas, vez ou outra O Darkling também nos surpreende com um toque de humanidade que, em qualquer outro, soaria forçado, mas nele parece encaixar com perfeição.

Outros personagens que se destacam bastante são Baghra, Nikolai Lantsov (que segue sendo encantador, adorável, insuportavelmente carismático e conseguiu sacar-me mais de um sorriso em seus diálogos com Baghra), Tolya, Tamar, Genya, David, Zoya e outros Grisha que entram e saem para deixar suas marcas nesse final alucinante e memorável.

A narração é envolvente, o livro é cheio de reviravoltas, surpresas, perdas e cenas de batalhas épicas. 

A ambientação é muito original, um verdadeiro toque especial que não poderia deixar de destacar na trilogia. Leigh Bardugo nos conduz, junto à Alina e Maly, através de vales e montanhas, Abismos e lugares místicos, nos deixando com a sensação de haver feito toda uma viagem mágica.

Em resumo, Ruína e Ascensão é o fim de uma trilogia original, mágica e envolvente, que apesar de suas pequenas falhas, consegue finalizar deixando marca no coração do leitor e uma ávida curiosidade para ler tudo e qualquer coisa que haja sido escrito pelas talentosas mãos de Leigh Bardugo.