(Review 382) - The Heart of Betrayal (Crônicas de Amor e Ódio #2) - Mary E. Pearson

Título original: The Heart of Betrayal

Autor: Mary E. Pearson
Editora: Darkside Books (Brasil) / Henry Holt & Co (EUA) 

Páginas: 503
Ano de Publicação: 2015 (EUA) / 2016 (Brasil)

Gênero: Fantasia Juvenil

Saga: The Remnant Chronicles / Crônicas de Amor e Ódio

1. The Kiss of Deception ✔
2. The Heart of Betrayal ✔
3. The Beauty of Darkness

Valoração: ★★★★★

Goodreads / Amazon / Skoob

"Em "The Heart of Betrayal" - Crônicas de Amor e Ódio vl. 2, Lia e Rafe estão presos no reino barbárico de Venda, e têm poucas chances de escapar. Desesperado para salvar a vida da princesa, Kaden revelou ao Vendan Komizar que Lia tem um dom poderoso, fazendo crescer o interesse do Komizar por ela. Enquanto isso, as linhas do amor e ódio vão se definindo. Todos mentiram. 

Rafe, Kaden e Lia esconderam segredos, mas a bondade ainda habita o coracão até dos personagens mais sombrios. E os Vendans, que Lia sempre pensou serem selvagens, desconstroem os preconceitos da princesa, que agora cria uma alianca inesperada com eles. Lutando com sua alta educacao, seu dom e sua percepcao sobre si mesma, Lia precisa fazer escolhas poderosas que vão afetar profundamente sua família... e seu próprio destino.

Não faltam reviravoltas nessa incrível fantasia que integra a linha 'Darklove'. Mary E. Pearson vai deixar os leitores sem fôlego nesse segundo ato de uma trilogia que ainda promete arrebatar o coracao de muitos." 

The Heart of Betrayal  é a segunda parte da trilogia Crônicas de Amor e Ódio (The Remnant Chronicles) e se inicia do ponto exato onde terminou a primeira parte, The Kiss of Deception.

Não vou falar sobre a trama para não dar spoilers do primeiro livro então essa resenha vai ser bem mais curta, primeiro porque não dá para falar muito do enredo e, segundo, porque ao contrário da primeira parte, que me surpreendeu positivamente, essa segunda parte será, sem dúvida, minha pior leitura do mês.

A trama continua sendo narrada sob o ponto de vista de vários personagens e esse é um detalhe que gosto bastante, pois se esta segunda parte viesse por exemplo apenas narrada pela protagonista, a princesa Lia, pode ter certeza de que teria abandonado sem dó este livro, já que os melindres de Lia me cansam total. Aliás neste livro eu não consegui conectar muito bem com a Lia, e muito menos com o par romântico dela (que desde a primeira parte já não me empolgava como personagem).

Acho que um dos problemas aqui é quantidade de páginas. A trama não é ruim, mas é excessivamente longa, monótona. Mary E. Pearson nos apresenta agora um novo reino, Venda, um lugar habitado por um povo bem mais rude e sombrio do que os habitantes de Morrighan e a autora realmente conseguiu construir um universo bem bacana, original, a hierarquia do poder de Venda foi algo novo e achei bem envolvente os detalhes do lugar, sua origem e história e os novos personagens inseridos foram interessantes. Mas, a autora toma muito tempo para surpreender o leitor com algo, então ficamos grande parte da leitura apenas acompanhando reuniões e tramas do poderoso Komizar, governante de Venda, os chiliques de Lia e o romance meloso entre o casal principal. Um verdadeiro desperdício já que haviam personagens ótimos que ficaram relegados a nada para que Lia e seu amado ganhassem mais cenas e declarações de amor repetitivas e clichês.

Não acontecia nada durante a trama, era apenas a autora dando voltas e mais voltas até permitir que algum fato novo caísse diante do leitor, e umas muitas cenas de amor entre Lia e o seu amado que me faziam pular as páginas já que esse romance, para mim, se tornou irritante e enjoativo demais. 

Pra começar eu acho o foco que o romance tem grande demais. Tem um monte de coisas acontecendo, mas parece que romance sempre ganha foco excessivo aqui e é uma pena porque justamente o romance, a grande aposta da autora, é super fraco, pouco crível, meloso ao ponto de irritar e meio fake, meio clichê demais. Aliás, tanto Lia quanto seu amado se tornaram dois clichês ambulantes e contraditórios, os personagens regrediram em comparação ao primeiro livro. Lia não sabe se é valente destemida ou donzela sonhadora esperando seu amado. O seu par romântico beira a perfeicão irreal, um tipo que parece ter tudo sempre sob controle, incapaz de errar e dar um passo em falso, enfim, aquele galã típico, facilmente esquecível e com o carisma de uma porta. 

Eu sinceramente acho que essa trilogia, talvez, seja boa para quem está começando a ler, mas quem como eu já acumula uns bons aninhos como leitora, nada aqui vai surpreender. Talvez a ambientação sim deixe um saldo positivo, mas é pouco em comparação aos outros defeitos que tornaram a trama insustentável para mim. 

O novo vilão desta segunda parte, o misterioso Komizar, aparece bastante, tem momentos e vilanice para causar desconforto no leitor, mas em maior parte das vezes agia mais como um político ou diplomata do que necessariamente um vilão. Apesar disso, achei um ponto positivo já que apresenta um vilão perspicaz e pragmático, o problema é que terminei com a sensação de que apesar de muitas paginas e muitos momentos, conheci pouco da essência do tal Komizar, de quem ele era. Talvez porque a narrativa prevalece mais na Lia do que nos outros, o Komizar acaba sendo apenas o "bicho papão" da vida da princesinha, e a realidade de quem ele poderia ser, sua relação peculiar com o Assassino, tudo isso ficou muito em segundo plano e explicado um pouco às pressas. Aliás, pobre Assassino. Parecia tão astuto e metódico, mas no final, rendido aos pés de Lia, se torna tão inocente quanto um garotinho pequeno e acaba acreditando em todas as palhaçadas da princesinha, por mais absurdas que fossem tais mentiras. Tudo soava surreal nessa segunda parte pra mim, até o Assassino, um personagem que deveria exalar obscuridade e mistério, se tornou uma sombra apenas do que prometia ser, e tudo por culpa mais uma vez do foco no romance, ou melhor dizendo, num triângulo amoroso meio desleal. 

Não creio que vá ler a terceira parte e desfecho final de Crônicas de Amor e Ódio. Essa segunda parte foi ruim o suficiente e não sinto nem ânimo, menos ainda curiosidade, para querer conhecer o desfecho da saga de Lia e de seu queridinho.

Concluindo...

Embora The Heart of Betrayal  tenha sido uma das minhas piores leituras do mês, esse é o tipo de trilogia que pode conquistar leitores jovens, apaixonados por romances com ares de contos de fada. A ambientação é incrivel e prevalece como o ponto forte, assim como as lendas e culturas que a autora conseguiu criar para cada reino até aqui apresentado, isso foi bem interessante. Apesar de não querer mais ler o último livro da trilogia, fiquei tão curiosa com os reinos que Mary E. Pearson traz que pretendo ler assim que puder a outra dualogia da autora ambientada no mesmo universo desta - Dance of thieves (e espero que seja bem melhor).

"Ele me fitou pelo que pareceu uma vida toda e então apertou a mão nos meus dedos e me puxou para perto de si. Depois pressionou a outra mão embaixo das minhas costas, segurando-me de forma aconchegante junto dele, com nossos hálitos, o tempo e o segredo entre nós."

"As vezes, todos nós somos empurrados para que façamos coisas que achávamos que nunca seríamos capazes de fazer. Não eram apenas presentes que vinham com grande sacrifício. As vezes, o mesmo acontecia com o amor."

Marie E. Pearson é uma premiada autora do sul da Califórnia, conhecida por seus livros juvenis - entre eles a popular série "The Jenna Fox Chronicles". Mary é formada em artes pela Long Beach State University, e possuí mestrado pela San Diego State University. Aventurou-se em trabalhar como artista por um tempo, até receber o maior desafio que a vida poderia lhe proporcionar: ser mãe. Adora longas caminhadas, cozinhar e viajar para novos destinos sempre que tem a oportunidade. Atualmente, é autora em tempo integral e mora em San Diego, junto com seu marido e seus dois cachorros.

Web Page Oficial: https://www.marypearson.com/ 

Twitter: Mary E. Pearson

Até a próxima, 

Ivy