(Review 335) - A filha do rei do pântano - De repente, no último livro

22 de diciembre de 2019

(Review 335) - A filha do rei do pântano

Título original: The Marsh King´s Daughter
Autor: Karen Dionne
Editora: Verus Editora (Brasil) / G. P Putnam`s Sons (EUA) / Harper Collins Ibérica (Espanha)
Páginas: 288
Ano de Publicação: 2017 (EUA) / 2019 (Brasil)
Gênero: Suspense / Mistério
Valoração: 

A fascinante história de uma mulher que deve arriscar tudo para caçar o homem que moldou seu passado e ameaça roubar seu futuro: seu pai.
Helena Pelletier tem um marido amoroso, duas filhas lindas e um negócio que preenche seus dias. Mas ela também tem um segredo: é fruto de um sequestro. Sua mãe foi raptada quando adolescente por seu pai e mantida em uma cabana nos pântanos do Michigan. Nascida dois anos depois do sequestro, helena amava sua casa na natureza e, apesar do comportamento às vezes brutal do pai, ela o amava também... Até perceber o quão selvagem ele poderia ser.
Vinte anos depois, ela já enterrou seu passado tão profundamente que até o marido não sabe da verdade. Mas agora seu pai matoou dois guardas, escapou da prisão e desapareceu. A polícia começa uma caçada, e Helena sabe que não irão descobrir nada, pois apenas uma pessoa, treinada por ele mesmo, tem as habilidades para encontrar o sobrevivente que o mundo chama de Rei do Pântano. E essa pessoa, claro, é Helena.





A filha do rei do pântano  é um suspense que apresenta como narradora Helena Pelletier, uma jovem mãe que busca viver no anonimato desde que viu seu rosto ilustrar as capas de revistas quando ainda era adolescente. Toda essa popularidade não poderia ter vindo de maneira mais negativa: Helena é a filha de um sequestrador perigoso e da vítima deste. Após quatorze anos de cativeiro, Helena e a mãe escaparam e voltaram à civilização, mas agora, com a fuga do perigoso pai de Helena da prisão, ela sabe que é a única que conhece os métodos e raciocínio de Jacob Hoolbrook, conhecido pelo infame apelido de "Rei do Pântano" e apenas ela poderá deter mais uma vez este psicopata astuto capaz de qualquer coisa. Dividida entre a lealdade que sente ao pai que a criou e seu dever moral de parar um psicopata, através das lembranças de Helena o leitor conhecerá a história de horror e medo vividas pela protagonista quando ainda era criança e como a fuga de Jacob podem transformar Helena na caçadora mas também na caça.

Minha opinião:

Eu tenho uma dificuldade imensa com livros inteiramente ambientados em florestas, ou selvas, ou pântanos. Com o passar das páginas, meu interesse vai minguando e os acontecimentos se tornam cansativos e repetitivos pra mim. Apesar de A filha do rei do pântano ser um livro curtinho, não deu pra escapar da monotonia da metade do livro, quando parecia que tudo se resumia às lembranças de Helena sobre seu pai psicopata vivendo isolada na cabana no pântano, sem contato com nada do mundo exterior.

Helena é uma boa narradora, acho que sua voz e ponto de vista conseguem deixar transparecer realismo e emoção à narrativa, mas ainda assim senti que faltou algo. Mais ação, mais reviravoltas. Achei este um suspense de ritmo lento, os personagens quase não evoluem e até Helena tomar as rédeas da situação e reagir, se passa muitas páginas com a garota apenas caçando e vivendo uma realidade quase de primata. 

Não é um livro ruim, na verdade, é um suspense denso e complicado de se escrever pois descreve não apenas a vida em isolamento completo, mas a vida na natureza selvagem, tendo de subsistir com pouco ou quase nada. Dá pra notar o trabalho de pesquisa e a dedicação da autora colocados na caracterização da estória toda, no complicado que é criar esse ambiente inóspito e peculiar. 
No entanto, achei a trama desinteressante. Helena não é um personagem simpático. Ela é durona e esquisita, complicada de traçar um perfil confiável. Seu pai, o grande vilão, é de botar medo porque ele é um típico criminoso perverso e narcisista, carregado de frieza, e suas características ficam bem marcantes na trama, ainda assim, embora seja um bom vilão, não consegue fazer a estória se tornar marcante. E quanto à mãe, a vítima sequestrada ainda na adolescência, acho que ela desempenha bem seu papel, expondo ao leitor toda a fragilidade de alguém submetido à brutalidade e opressão durante anos à fio, mas também ficou a sensação de que se sabe quase nada sobre sua real personalidade, seus anseios e suas dores. 

Apesar de ter tido detalhes que me cansaram, não dá pra deixar de elogiar os pontos que tornam a leitura interessante. Além da ambientação diferente e sombria, isolada e apavorante, temos alguns fatos que tornam a trama bem tensa. Tem fatos que a gente consegue prever o que vai acontecer e dá vontade de gritar, avisar Helena pra não fazer isso ou aquilo, e é arrepiante acompanhar e ver o resultado certeiro de suas más escolhas. Essa aflição que certos momentos do livro despertam no leitor é incrível em livros de suspense e torna a trama mais palpável pra nós, a gente meio que vivencia tudo aquilo através dos olhos de sua narradora. 

O livro melhora consideravelmente da metade para o final. Helena sai do seu deslumbramento e se questiona mais, enxerga o pai com um olhar mais crítico. E quando a casca ao redor dela começa a se abrir, ela começa a reagir.

Embora dê a entender que a trama se foca na fuga do Rei do Pântano e na caçada de Helena para encontrá-lo, a verdade é que a maior parte da trama busca explicar a infância da personagem, como tudo se tornou o que é, então temos pouco do tempo presente, e mais do passado. Essa alternância entre passado e presente ajudam o leitor a entender bastante coisa.

Acredito que todas as pontas soltas são finalizadas nos capítulos finais, mas o desfecho principal ficou um pouco corrido. Durante toda narrativa conhecemos um vilão cruel e inteligente, perspicaz, mas no final tudo se resolve rápido e de maneira bem simples. É aquele tipo de final linear, sem surpresas, dentro do esperado. Achei que poderia ter sido um desfecho um pouco mais denso. 

A escrita da Karen Dionne é boa. Como disse, ela desenvolve a estória dentro de uma ambientação limitada e isso é bem difícil. Faltou algo sim na trama toda no geral, mas não dá pra tirar o mérito da autora, que consegue criar personagens atípicos dentro de um cenário que exigiu muita veracidade. Acho que Dionne ainda pode surpreender os leitores em seus próximos livros. 

Esse livro me lembrou bastante de "Nossos dias infinitos" da Claire Fuller. A instabilidade dos narradores de ambos os livros aliado ao cenário desolador fazem ambas as tramas serem bem semelhantes, por isso mesmo acredito que quem gostou de um, vai gostar bastante do outro. 

Concluindo...

No geral, A filha do rei do pântano  é um bom livro. Curtinho, rápido e diferentão, pode conquistar quem aprecia livros mais cheios de detalhes, com personagens duvidosos. Faltaram algumas coisas ao livro, talvez mais reviravoltas, questionamentos e surpresas, ainda assim, pra mim foi um suspense que conseguiu trazer aquela sensação de incômodo necessária, que nos ficar pensando na trama mesmo após já ter terminado suas últimas páginas.

" Penso em todos os anos e todas as chances que tive para esclarecer quem sou. Olhando em retrospecto, acho que me convenci de que, se eu não disesse o nome do meu pai, poderia fingir que ele não existiu. Mas ele existe. E agora, em meu coração, percebo que sempre soube que um dia haveria um acerto de contas. "




" Eu sabia, quando saí à procura do meu pai esta manhã, que iria encontrá-lo. O que não previ é que ele me encontraria primeiro. "

Karen Dionne nasceu em Akron, Ohio, no ano de 1953. É a autora de "A Filha do Rei do Pântano", entre outras obras de suspense. Além de escrever, Karen também é co-fundadora da comunidade de escritores na internet "Backspace" e organizadora do Retiro dos Escritores de Salt Cay. Em 1974, Dionne e seu marido decidiram experimentar viver a vida selvagem, se mudando para a Península Superior, na região dos Grandes Lagos, quando sua filha tinha apenas seis semanas de vida. Essa experiência permitiu a Dionne vivenciar muitas coisas contadas pela personagem de Helena em 2A filha do rei do pântano". Atualmente vive no suburbio de Detroit com seu marido.

Web Page Oficial:

Twitter: Karen Dionne



Até a próxima, 


Ivy

3 comentarios:

  1. Oi, Ivy como vai? Primeiramente desejo-lhe um Feliz Natal e um 2020 repleto de Luz e realizaçôes para você. Sobre o livro a leitura dele me parece um tanto previsível, mas apesar de suas ressalvas eu o leria, pois gosto muito do gênero. Um feliz Ano Novo para você e att..

    https://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/

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  2. Oi, Ivy

    Eu curti o livro. Realmente não é uma trama fácil, a monotonia realmente existe, mas para mim, nessa ambientação, não foi algo que eu considerei ruim. Eu meio que associei isto ao modo de vida deles, que para mim era limitadíssimo e ficava dando voltas e mais voltas em torno de uma mesma rotina.
    Os diálogos escassos pesaram mais para mim do que o ritmo, confesso.
    E realmente a protagonista é difícil, sentir empatia por ela é complicado, mas acabei curtindo ela de um modo geral.

    Beijos
    - Tami
    https://www.meuepilogo.com

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  3. Oie
    O enredo é bem interessante, parece ser o tipo de história que prende o leitor.

    Feliz Ano Novo.
    Beijinhos
    https://diariodeincentivoaleitura.blogspot.com/

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