25 de noviembre de 2019
(Review 334) - A Corrente
Autor: Adrian McKinty
Editora: Editora Record (Brasil) / Mulholland Books (EUA) / Planeta (Espanha)
Editora: Editora Record (Brasil) / Mulholland Books (EUA) / Planeta (Espanha)
Vítima. Sobrevivente. Sequestrador. Criminoso. Você vai se tornar cada um deles. O dia começa como qualquer outro. Rachel Klein deixa no ponto de ônibus a filha de 13 anos, Kylie, e segue sua rotina. Mas o telefonema de um número desconhecido muda tudo. Do outro lado, uma voz de mulher avisa que Kylie está no banco de trás do seu carro, e que Rachel só verá a filha de novo se pagar um resgate e sequestrar outra criança. Assim como Rachel, a mulher no telefone e mãe, também teve o filho sequestrado e, se Rachel não fizer exatamente o que ela manda, o menino morre e Kylie também. Agora Rachel faz parte da Corrente, um esquema aterrorizante que transforma os pais das vítimas em criminosos e, ao mesmo tempo, deixa alguém rico. A Corrente é implacável, apavorante e totalmente anônima. As regras são simples: entregar o valor exigido, escolher outra vítima e cometer um ato abominável do qual, apenas vinte e quatro horas antes, você se julgaria incapaz. Rachel é uma mulher comum, mas, nos dias que se seguem, será levada a extremos que ultrapassam todos os limites do aceitável. Ela será obrigada a fazer escolhas morais inconcebíveis e executar ordens terríveis. Os cérebros por trás da Corrente sabem que os pais farão qualquer coisa pelos filhos. Mas o que eles não sabem é que talvez tenham se deparado com uma oponente à altura. Rachel é inteligente, determinada e... uma sobrevivente.
A Corrente é um thriller psicológico escrito pelo irlandês Adrian McKinty, cujo direito de adaptação cinematográfica já foi vendido para a Paramount Pictures. Sendo assim, A Corrente foi um livro que já chegou no mercado brasileiro com um certo hype, e a sinopse intigante prometia um suspense arrebatador. Mas será que todo o hype é mesmo real?
A Corrente nos apresenta como protagonista principal Rachel Klein, uma mãezona que acabou de enfrentar uma batalha contra um câncer e um divórcio de um marido babaca. Rachel é uma mulher que conseguiu enfrentar as adversidades com muita valentia e agora se prepara para uma nova fase em sua vida, dará aulas de filosofia em uma universidade, mais um passo em um recomeço que promete ser bem sucedido. Porém, tudo vira do avesso quando Kylie, sua única filha de 13 anos, é sequestrada no ponto de ônibus, a caminho da escola.
Rachel agora é parte da Corrente. Através da ligação anônima que recebe, Rachel descobre que ela deverá depositar uma quantia grande de dinheiro utilizando a dark web para tentar resgatar Kylie, mas este nem é o passo mais difícil da Corrente. Depois disso, Rachel deverá escolher a sua própria vítima. Pra ter sua filha libertada, Rachel deve sequestrar outra criança, e os pais dessa criança sequestrada deverão seguir os mesmos passos e também sequestrar outra criança e assim a Corrente segue inquebrável. Os poucos que tentaram se levantar contra a Corrente tiveram um fim cruel, e os líderes por trás dessa idéia macabra parecem estar sempre um passo à frente, utilizando celulares descartáveis, compras em bitcoins e sites de mensagens pouco confiáveis. A Corrente parece ser algo bem antigo, e mesmo quando você sai dela cumprindo todos os requisitos, uma parte de você continua presa, atormentada pelas lembranças do que fez e do que viveu. A Corrente transforma as vítimas em vilões também, e conviver com esse papel duplo pode representar o limite e o fundo do poço para muitos.
Minha opinião:
Eu gostei da idéia por trás de A Corrente, a sinopse prometia uma trama bem tensa que deixasse o leitor roendo as unhas em agonia. No geral, a trama até que é bacana, mas faltou algo para me conquistar completamente. Senti a estória toda arrastada demais, embora seja envolvente, faltou mais ação e principalmente, faltou mais carisma nos personagens já que pra mim foi bem difícil empatizar com Rachel e menos ainda com os personagens restantes.
Rachel é uma mulher forte, ela é bem real, a gente consegue visualizar Rachel e seus pensamentos e atitudes são coerentes, ela consegue transparecer para o leitor todo o seu sofrimento e angústia. Além dela temos a Kylie, sua filha, que para uma garotinha de 13 anos se revela forte e decidida. E também conheceremos o Pete, um ex cunhado que foi fusileiro mas hoje vive uma realidade solitária,viciado em heroína e se sentindo incapaz de recomeçar a vida. Esses três são basicamente os principais, mas a trama aos poucos vai nos apresentando também um perfil dos idealizadores da Corrente, os grandes vilões da estória, além de alguns outros personagens todos interligados entre si pela Corrente. A maioria dos secundários aparece para preencher a trama, faz parte de algo que envolve Rachel, Pete ou Kylie.
Apesar de Rachel apresentar características bem realistas, falou carisma nela. Não consegui me apegar, achei a personagem seca, sem emoção. O Pete padece de um drama bem sério, e a maneira como é narrado faz a gente se solidarizar com o personagem, talvez por isso ele tenha se tornado meu preferido da estória, senti mais conexão com ele. A Kylie, pra mim, ficou mediana, é um personagem que nem amei e nem detestei, achei a guria bastante inteligente, mas novamente faltou algo que me apegasse à ela.
Dos secundários, achei que todos foram interessantes, à exceção de Marty, o ex marido babaca e fútil que só está lá pra fazer o leitor revirar os olhos e sentir ranço, no meu caso, muito ranço.
A narrativa é toda em terceira pessoa, contada por um narrador que sabe tudo e que conhece os sentimentos e sensações de cada personagem. Eu achei esse estilo de narrativa perfeito pra esse livro porque podemos conhecer não apenas Rachel, mas também Pete e o outro lado da moeda, seus oponentes que estão por trás da Corrente. Eu acho que a parte mais interessante é justamente os capítulos onde o autor começa a tecer pra nós a personalidade dos idealizadores da Corrente, quem eles são e como se tornaram tão maus. Ver aos poucos esses perfis sendo traçados e saber o que os fez serem assim torna tudo bem assustador e achei esse ponto bem conduzido por seu autor, ele soube traçar seus vilões de maneira bem completa.
A estória se lê depressa em virtude dos seus capítulos bem curtinhos, alguns duram só duas páginas. A trama tem um ritmo mais lento do que imaginava, mas é um livro que dá pra ler em 2 dias por conta dos capítulos curtos e em grande parte intercalados entre personagens. Em um capítulo lemos sobre Rachel, no seguinte vamos para Kylie, Pete ou outro personagem, o que nesta trama funciona muito bem pois impediu a estória de cair num marasmo. Aliás, todos os secundários (exceto Marty) contribuem maravilhosamente pra que a trama melhore consideravelmente até o final.
A ambientação ficou bem em segundo plano aqui, praticamente irrevelante. Em certas estórias isso faz falta, mas em A Corrente não teve problema e não senti falta de detalhes sobre o lugar onde a estória toda se desenrola, achei que o autor foi bem contido e foi um acerto, já que descrições demais sobre o lugar tornariam a trama ainda mais parada.
Concluindo...
Eu gostei de A Corrente, foi uma leitura interessante, que parte de uma premissa original e assustadora, li bem rápido, mas senti que faltou algo pra que a trama me ganhasse. Tudo é muito frio e falta emoção. Os vilões são bem desenvolvidos, e a trama por trás, as razões que desencadeiam o surgimento da Corrente são super bem elaboradas, mas a protagonista e seu núcleo de personagens não tem carisma e brilho suficiente pra conquistar o leitor e nos manter encantados com a trama. No geral, é um suspense ok, que poderia ter sido bem melhor, mas que de certa forma, oferece um final satisfatório fechando todas as pontas soltas. Não é um final carregado de impacto e nem cheio de reviravoltas, mas dá pra dizer que McKinty pelo menos consegue entregar ao leitor todas as respostas do quebra cabeças que foi montando ao longo de suas 373 páginas.
"Rachel para e pensa. O que os agentes da Corrente querem? O mais importante é que a Corrente tenha prosseguimento. Alguns envolvidos podem ser mais ricos que outros, porém, mais crucial que a riqueza é o fato de que eles precisam ser inteligentes e discretos para acrescentar mais um elo e fazer com que as coisas continuem se desenrolando. Cada elo da Corrente é valioso. Os alvos precisam ter dinheiro, mas também é fundamental que sejam competentes, maleáveis e que tenham medo. Como ela agora. Um elo forte com algumas centenas de dólares no banco é melhor que um milionário fracote".
" A Corrente é um método cruel de explorar o sentimento humano mais importante - a capacidade de amar - para ganhar dinheiro. Não iria funcionar em um mundo no qual não houvesse amor entre pais e filhos ou entre casais, e só uma sociopata sem amor, ou que não entende o amor, conseguiria usá-la para alcançar seus objetivos".
O escritor irlandês Adrian McKinty nasceu em 1968 em Belfast, cresceu em Carrickfergus e estudou em Warwick e Oxford, e atualmente reside com sua mulher e suas duas filhas em Nova York, nos Estados Unidos, onde é professor de Escrita Criativa. Sua carreira na área literária incluí obras do gênero juvenil e também livros de suspense, sendo que McKinty tem ficado mais conhecido por seus livros de suspense, em especial da saga "Sean Duffy". Seus livros foram traduzidos para mais de vinte idiomas. Adrian também escreve crítica literária para o Sydney Morning Herald, o Irish Times e o Guardian.
Web Page Oficial:
Twitter: Adrian McKinty
Até a próxima,
Ivy
Uau, a história é bem impactante, gosto de histórias assim, mas o fato de você não ter tido conexão com os personagens me deixou com um pé atrás!
ResponderBorrarhttps://www.kailagarcia.com
Olá, Ivy.
ResponderBorrarEu gostei muito desse livro. Diferente de você consegui me conectar com a Rachel e me vi em agonia por ela. Mas o que mais gostei no livro foi a ideia toda da corrente, não tinha visto em nenhum livro de suspense nada parecido ainda.
Prefácio
Oi Ivy,
ResponderBorrarEu amo gênero, então esse está na minha lista desde a Bienal, apesar da quantidade de resenha negativa que li.
Me passou que o autor de inspirou um pouco no James Patterson pq os livros do Alex Cross que tem esse estilo de narrativa e capítulos curtos e tals. E por isso o pessoal acaba por não simpatizar muito, a rapidez causa falta de emoção.
até mais,
Canto Cultzíneo
Oi, Ivy como vai? Achei essa capa linda. A premissa me parece ser excelente, por ser um gênero que eu gosto, o lerei futuramente, apesar de suas ressalvas. Abraço!
ResponderBorrarhttps://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/
Olá...
ResponderBorrarAdorei a sua resenha!
Esse livro está na minha lista de desejados e estou simplesmente loooooouca pra ler! Seus comentários a respeito me fizeram desejar a leitura, porém, vou ficar atenta diante de suas ressalvas ;)
Bjo
http://coisasdediane.blogspot.com/
Oi, Ivy!
ResponderBorrarQue pena que a história é arrastada, pela premissa é de se esperar uma obra cheia de ação, o desespero da mãe em salvar a filha, sabendo que ao mesmo tempo colocará outra pessoa em risco, tem toda a cara mesmo de filme, sem dúvidas vou querer conferir a adaptação quando sair!!
xx Carol
https://caverna-literaria.blogspot.com/
Sempre que leio as resenhas desse livro, me deixa ainda mais agoniada. Deve ser aquele tipo de história que você não consegue parar até descobrir tudo.
ResponderBorrarwww.vivendosentimentos.com.br
Achei a história bem interessante. Mas não sei se teria coragem de ler kkkkkkkk
ResponderBorrarAinda não estou preparada para sair da minha zona de conforto literária.
www.heylou.com.br
Desde a primeira resenha que li do livro eu já me interessei pela premissa diferente da obra. Com toda essa discussão sobre moral que parecia haver na história. É uma pena que para ti a leitura tenha sido bem arrastada. É um saco quando isso acontece, principalmente se vamos cheios de expectativa para ler.
ResponderBorrarAbraço,
Larissa | Parágrafo Cult ♥
pena que nao rolou essa conexão com os personagens, to procurando thrillers bacanas pra ler
ResponderBorrarwww.tofucolorido.com.br
www.facebook.com/blogtofucolorido
Oi Ivy,
ResponderBorrarEu gostei da trama do livro, acho que o mais interessante é toda a ideia da corrente mesmo, isso acaba fisgando o leitor totalmente na história.
Bjs
http://diarioelivros.blogspot.com
Olá, tudo bem por aí?
ResponderBorrarNossa, a premissa dessa obra tinha tudo para dar vida a uma grande história. Nesse tipo de história (que é uma das minhas favoritas), a emoção que você citou é fundamental. Pena que faltou isso, tinha tudo para me ganhar. Ah, e parabéns pela resenha: muito boa, como sempre!
Abraços!
Acampamento da Leitura
Estou interessada por esta leitura desde quando o livro foi lançado.
ResponderBorrarVi várias pessoas indicando e só elogiando. Amo o gênero literário e confio na sua opinião. Acredito que eu daria uma chance para essa leitra, mas já sei que devo ir com menos expectativas.
Beijos e feliz ano novo!!
Sai da Minha Lente
Ai mdssss!!! amo livross assim scrr, adorei a resenha e pelo fato do final desenvolver e encerrar os pontos soltos merece sua chance! Já entrou para minha lista de desejos <3 Adorei o blog também!!
ResponderBorrarDeetz Blog