25 de septiembre de 2020
(Review 387) - Cartel (Cartel #1) - Lily St.Germain
Autor: Lili St. Germain
Editora: HarperCollins (EUA)
Editora: HarperCollins (EUA)
Páginas: 336
Ano de Publicação: 2015 (EUA)
Ano de Publicação: 2015 (EUA)
Gênero: Romance Dark - Adulto
Saga: Cartel
1. Cartel ✔
2. Kingpin
3. Empire
2. Kingpin
3. Empire
Valoração: ★★★★★
Quanto vale uma vida?
Eu cresci na Colômbia, filha de um rico traficante. Eu vivi uma vida de extravagância, até que um dia uma negociação de drogas deu terrivelmente errado e tudo desabou ao nosso redor.
Eu fui entregue. Um pagamento por uma dívida. Os Gypsy Brothers Motorcycle Club se tornaram meus novos proprietários e eu fiz tudo o que pude para sobreviver.
Mas me apaixonar pelo homem que me possuía não fazia parte do plano...
Sair da zona de conforto é sempre arriscado, a gente pode se surpreender ou não. Quando decidi ler um "romance dark" nem imaginava que ia ter que estar preparada para cenas duríssimas, de partir meu coração na metade. Ler Cartel foi uma experiência de várias sensações. E muitos momentos me causaram um impacto maior do que poderia pensar.
Para começo de conversa temos dois protagonistas quebrados, arruinados, perdidos. Mariana viu seu pai se meter em confusão a vida toda, e quando ele perde 500 mil dólares em cocaína, Emilio Ross, o chefão do cartel vai cobrar a dívida, ameaçando matar toda a família. Mariana se oferece em troca de que a vida de seus parentes seja poupada. Emilio aceita a proposta e aí começa o inferno na vida da jovem.
Levada da Colômbia clandestinamente para os Estados Unidos, Mariana é submetida a maus tratos e humilhações, mergulhando em um mundo de morte e escuridão. Quando o filho de Emilio, Dornan, conhece a garota, ela chama a atenção dele. Dornan a quer para si. E espertamente ele se aproveita do talento da garota com a contabilidade para convencer o pai. Mariana é agora propriedade dos Gypsy Brothers. De Dornan mais precisamente. Levada para seu apartamento, Mariana se sente prisioneira, ao mesmo tempo que é capaz de enxergar as camadas por trás da fachada durona de Dornan e isso faz seu coração balançar. Dividida entre ser uma prisioneira ou se entregar ao homem que acredita amar, Mariana tem que lidar com deixar para trás todo o seu passado para estar diante de uma nova realidade obscura, onde um passo em falso significa o fim inevitável para ela.
Minha opinião:
Síndrome de Estocolmo. É o que mais passava pela minha cabeça lendo esse livro. Houveram cenas duras, porém extremamente realistas e gráficas, que me deixaram desconfortável. E houveram cenas onde me senti revoltada, porque vi uma tentativa de romantização da síndrome de Estocolmo e do abuso físico/mental que vive Mariana.
A autora pode colocar quantas cenas românticas quiser, mas eu não acredito de maneira nenhuma que uma menina na situação de Mariana vá amar uma pessoa como Dornan. Veja bem: seu namorado, Esteban, é assassinado diante de seus olhos pelo cartel do pai de Dornan. A garota é surrada e humilhada, submetida a testes e torturas pelo cartel do pai de Dornan. E então ela é emprestada pelo pai de Dornan ao filho, que a leva para um apartamento na praia, a tranca como um animal, e a usa. Dornan se torna a única companhia da garota, a única referência dela. Mariana pensa que gosta dele, pensa que ama, pensa que vale a pena porque ele a protege, mas eu, leitora, não vou acreditar que isso seja amor. Isso é medo, coação e total desespero. Achei a história extremamente bem narrada, coerente e dolorosamente realista, mas a romantização da relação de Mariana e Dornan me deixou enjoada, chega a ser até ofensivo catalogar como "amor" uma relação tóxica, abusiva e desesperada. Me deixa desconfortável ver uma certa inversão de valores, onde um personagem maldoso, que compactua com as atitudes do pai brutal, poderia ser transformado em um mocinho.
Mariana sofre de síndrome de Estocolmo e ponto. Ela acha que ama porque não tem mais opções de amar ninguém, ela está condenada aos seus olhos. A vítima destruída que não tem mais nada, apenas o predador, e por conta disso mesmo, se agarra à esta única segurança, ainda que seja uma segurança questionável.
Eu desgostei do tal romance por conta disso. A relação se desenvolve de forma pausada, é compreensível, mas a autora colocou tudo a perder quando decidiu que Mariana deveria amar Dornan. Aí pra mim perdeu a credibilidade.
O fato de eu ter desgostado do romance não quer dizer que seja um livro ruim, tanto é que dei 4 estrelas. A história é muito bem construída, tão bem que chega a ser doloroso acompanhar a trajetória da Mariana porque é realista demais, e brutal demais. A autora não poupa sofrimento para a personagem e algumas cenas me deixaram com o coração apertado de angústia.
Aliás, esse é um livro que tive que ler intercalado com outro mais levinho, porque não tive nervos para ler sem pausa, foi necessário de quando em quando dar um tempo na leitura. A narrativa da Mariana me impactava, me deixava aflita pela personagem e por ser tudo tão obscuro e cruel, achei mais que necessário ler algo intercalado com este livro.
Mariana é extremamente bem caracterizada. Ela é forte, decidida, mas aos poucos a gente vai vendo como os maus tratos vão minando sua fortaleza interna, e ela se torna frágil, e essa metamorfose da personagem é muito real, porque testemunhamos os fatos que vão moldando esse novo eu de Mariana.
O Dornan, para mim, é um vilão. O fato de ele não abusar da Mariana literalmente mas esperar que ela "venha" à ele não absolve o personagem. Ele é mau-caráter, manipulador e impiedoso. Por um lado, gostei porque a autora o apresenta como um típico membro de cartel, um chefe do crime, e sua personalidade condiz com o que ele representa. Por outro lado, me incomoda quando noto que há uma tentativa de relevar seu lado perverso e apresentá-lo como um "mocinho quebrado". Não, ele não é mocinho. Esse sentimento de revolta que o Dornan gerou em mim mostra o quão bem caracterizado o personagem está. Para bem ou para mal, garanto que Dornan não deixará leitor nenhum indiferente.
Mariana é extremamente bem caracterizada. Ela é forte, decidida, mas aos poucos a gente vai vendo como os maus tratos vão minando sua fortaleza interna, e ela se torna frágil, e essa metamorfose da personagem é muito real, porque testemunhamos os fatos que vão moldando esse novo eu de Mariana.
O Dornan, para mim, é um vilão. O fato de ele não abusar da Mariana literalmente mas esperar que ela "venha" à ele não absolve o personagem. Ele é mau-caráter, manipulador e impiedoso. Por um lado, gostei porque a autora o apresenta como um típico membro de cartel, um chefe do crime, e sua personalidade condiz com o que ele representa. Por outro lado, me incomoda quando noto que há uma tentativa de relevar seu lado perverso e apresentá-lo como um "mocinho quebrado". Não, ele não é mocinho. Esse sentimento de revolta que o Dornan gerou em mim mostra o quão bem caracterizado o personagem está. Para bem ou para mal, garanto que Dornan não deixará leitor nenhum indiferente.
A ambientação é toda obscura, os personagens secundários são bem realistas também. O pai de Dornan, Emilio, é um dos de maior destaque e aff, que cretino. A autora caracterizou Emilio super bem e ele realmente representa com perfeição uma espécie de Pablo Escobar italiano que é bem assustador. A narrativa, aliás, vem intercalada entre Emilio, Dornan e Mariana e, embora Emilio tenha poucos capítulos, são os narrados por ele que deixam o leitor mais aflito, pois a crueldade que emana do personagem, vazio de alma, é contundente e bem assustadora. Também temos o Murphy, um capanga que é policial corrupto e eu juro que não lembro de quando quis tanto que um personagem morresse porque Murphy é desses, para odiar por todo o livro.
Eu gostei da escrita da Lily St. Germain, e olha que leio pouco romance, e menos ainda romance dark, mas achei a narrativa dela bem firme, ela soube elaborar a estória, se nota toda uma pesquisa sobre as regras e a personalidade dos cartéis e seus integrantes, e tudo na trama mexe com a gente, testa a nossa resistência testemunhando toda a dor da Mariana.
Foi uma imersão nesse mundo das drogas, do tráfico de pessoas e das gangues brutais, é aquele tipo de experiência que não quero ler continuamente, mas acabou sendo uma experiência interessante, diferente de tudo o que estou habituada a ler.
Concluindo...
Cartel me fez sentir desconforto, mal estar, em certo ponto até mesmo aversão, mas considerando que o livro é um romance dark, cumpriu com o prometido e entregou uma estória bem escrita e carregada de tensão. Um bom livro para quem gosta de romances escritos num tom mais sombrio e com personagens de índole bem questionável.
Instagram: Lili St.Germain
"Ele era meu inimigo, no entanto me tocou como se fosse meu amante."
"Eu sabia que ele não era um bom homem. Eu suspeitava isso desde o primeiro momento em que o vi. Eles dizem que você pode dizer pelos olhos de um homem se ele matou uma pessoa, e os olhos de Dornan prenderam as almas de muitos. Às vezes eu os via dançando em torno do negro sombrio enquanto ele contemplava sua próxima vítima."
Continua em:
Lili St. Germain escreve romance dark e intenso. abandonou a vida corporativa para se concentrar na escrita e até agora está amando cada minuto disso. Seus outros amores na vida incluem o seu amado marido e sua filha, bom café, filmes de Tarantino e passar horas no Pinterest. Ela adora ler, quase tanto como ela gosta de escrever.
Web Page Oficial: https://www.lilisaintgermain.com/
Web Page Oficial: https://www.lilisaintgermain.com/
Twitter: Lili St.Germain
Instagram: Lili St.Germain
Até a próxima,
Ivy
Oi, Ivy
ResponderBorrarEu acho legal que você saia da zona de conforto. Eu na verdade gostei bastante da sinopse do livro, e talvez leia futuramente. Alguns livros ultrapassam algumas linhas invisíveis e ás vezes não sabemos processar o que estamos vendo ali. Existe sim uma síndrome de estocolmo quando a personagem se vê obrigada a participar ativamente de um contato com um homem durante muito tempo, mas é tudo tão subjetivo que eu também não sei se até que ponto isso seria uma síndrome e não amor. Acho legal é justamente essas sensações inquietantes que a narrativa traz, na verdade é o que eu amo no romance dark.
Beijo!
https://www.capitulotreze.com.br/
Oi, Ivy como vai? Que bom que a leitura tenha lhe agradado. Não é um tipo de livro que eu leia com frequência, mas vez ou outra é válido, principalmente quando se quer sair da zona de conforto não é mesmo, embora provavelmente eu não o pegasse para ler. Ótima resenha. Abraço!
ResponderBorrarhttps://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/
Oi Ivy,
ResponderBorrarEu amoooooooo um dark romance, me fazem pensar e questionar a sociedade num geral!
Uma pena que não tenham tantos assim aqui no Brasil, esse por exemplo, leria agora mesmo!
Vou deixar anotado aqui, porque estou fazendo uma lista com o gênero para indicar as editoras que estão trazendo livros assim para cá.
A esperança é a última que morre! kkkkkk
beijos
http://estante-da-ale.blogspot.com/
Oie Ivy!
ResponderBorrarEu li pouco Dark até o momento, mas essa mocinha Alessandra aqui de cima já leu vários kkkk
É um tipo de leitura que me deixa desconfortavel, mas ao mesmo tempo eu me sinto mais.. .Com se diz? É uma experiência e a gente acaba conhecendo um pouco do que passa na mente das pessoas ou como a sociedade molda, dentre outros
É muito interessante
Olha, acabei de ler um livro que eu odiei o personagem TANTO, MAS TANTO igual você odiou o Murphy
o livro nao era dark, mas tinham cenas bem fortes, viu... Valeu pela dica e pela resenha!
Beijocas da Pâm
Blog Interrupted Dreamer
Oi Ivy! Eu logo lembro da Ale quando falam em romance deste tipo. Eu não estou na vibe de ler coisas pesadas assim por agora, mas não descarto totalmente. Bjos!! Cida
ResponderBorrarMoonlight Books
Oi Ivy, tudo bem?
ResponderBorrarA premissa de "personagens quebrados" é o que me afasta desse gênero. Não consigo sentir que dá "match", sabe? Mas eu gostei muito da sua resenha, ela foi muito sensata. Eu provavelmente ficaria desconfortável com a mocinha se apaixonando por um cara que mantém ela presa.
Beijos,
Priih
Infinitas Vidas
Oii Ivy... Seu blog é lindoo.ja sigo vc por um tempo se puder retribuir lá no meu...
ResponderBorrarMenina.. fiquei um pouco apavorada... Kkk não gosto muito desse enredo... Mas sua resenha tá maravilhosa . beijinhos
Cátila Santos