(Review 376) - Uma noite com Grace Kelly (Libby Lomax #3)

Uma noite com Grace Kelly  é a terceira e última parte da trilogia que apresenta como protagonista Libby Lomax, uma jovem mulher de Londres que depois de desistir de uma carreira de pouco êxito como atriz se converteu em uma realizada designer de jóias, e após romances mal sucedidos e muitos percalços, acabou descobrindo quem é seu verdadeiro amor...
O problema é que esse verdadeiro amor agora está comprometido com outra, e Libby crê que o tempo para lutar por  Olly Walker  acabou. Durante sua trajetória, através de seu velho sofá Chesterfield meio mágico, Libby pôde contar com os generosos conselhos da charmosa Audrey Hepburn  e da estonteante Marilyn Monroe. Ambas foram cruciais para Libby em momentos decisivos, e agora, mais madura, Libby sabe que é hora de virar a página e até tentar se apaixonar de novo. Aparece Joel Pereira, um bilionário que cruzou o caminho de Libby por acaso e de repente parece ser o cara perfeito para viver um grande amor. Mas quando o coração de Libby já pertence à outro, será que ela consegue simplesmente "seguir em frente" com Joel? Para isso, Libby vai contar com a ajudinha mágica de Grace Kelly, que embora não seja acessível ou divertida como Audrey ou Marilyn, fará Libby refletir sobre muito do que ainda falta em sua própria trajetória.

Essa terceira parte manteve o ritmo das sequências anteriores e apresentou uma trama bem leve, com algumas poucas reviravoltas na trajetória de Libby e nenhuma surpresa para o final que, como todo bom chick lit, garante um "felizes para sempre" mais que esperado.

Fiquei surpresa em notar que Grace Kelly aparece bem menos do que Audrey ou Marilyn apareceram nos livros anteriores. Sinceramente nem curti a participação de Kelly, a autora mostrou uma verdadeira realeza egocêntrica e preocupada apenas consigo mesma. A "contribuição" de Kelly para Libby Lomax foi bem menor do que foram a de suas antecessoras e esse detalhe "mágico" da trilogia acabou ficando bem no secundário nesse desfecho.

Também achei que esse foi o livro onde Libby menos evoluíu. Eu fiquei muito satisfeita com as mudanças da personagem na segunda parte, ela parecia mais centrada, mais bem resolvida até. Aqui senti Libby outra vez perdida, se deixando levar pelas circunstâncias, pouco decidida. Todas as vezes que a protagonista teve alguma atitude, foi empurrada por algum outro personagem. Libby dá a impressão de sempre precisar de conselhos alheios e outra vez se mete em situações ridículas e diz coisas absurdas. Tá certo que aqui ela se envolve em bem menos situações absurdas do que nos livros anteriores, mas, infelizmente, ainda continua a mesma Libby estabanada que, nessa altura da jornada, já saturou o leitor.

O interesse amoroso da Libby, Olly, também teve tão pouco desenvolvimento aqui. Olly ficou relegado a secundário, e por várias vezes foi eclipsado por outros personagens mais bem elaborados e engraçados como Dillon e Bogdan, estes sim capazes de roubar a cena nos momentos mais inesperados, e de maneira bem mais natural do que Libby. 

Também senti falta de uma evolução maior na família de Libby. O pai ausente é esquecido e os conflitos entre ele e Libby ficam assim, no nada. A mãe histérica segue histérica e Cass, a irmã gananciosa também se tornou caricata, previsível, porque ela sempre se excede tanto quanto Libby. 

Na tentativa de soar muito engraçada, Lucy Holliday pecou pelo excesso e esqueceu de fazer alguns de seus personagens secundários "amadurecem". 

Apesar dos pontos que me incomodaram, o livro garante no mínimo 3 estrelas por conta da escrita levinha, fácil e despretensiosa de Lucy Holliday. É aquele tipo de trama tranquila de ler, sem mudanças de tom e que não tenta te pegar de surpresa com alguma reviravolta nada a ver. A trama segue o ritmo esperado, finaliza de maneira satisfatória, e ainda que não figure entre os melhores livros do ano, pelo menos conseguiu entreter. 

Enfim, Uma noite com Grace Kelly  é um desfecho satisfatório para a trilogia de Libby Lomax. Me decepcionou por desenvolver pouco de alguns personagens e por insistir em tornar alguns deles estereotipados demais, como a irmã de Libby e até mesmo a própria protagonista em alguns momentos. Porém, é aquele tipo de enredo que consegue manter o leitor atento à trama, torcendo por um final feliz para a desastrada mocinha e que, embora previsível em alguns momentos, ainda tem o encanto de roubar até mesmo alguns sorrisos inesperados.

" Mas se existe uma coisa que tenho certeza é que partir para outra é a melhor coisa a se fazer. Para que perder um único instante chorando por um caso de amor fadado ao fracasso quando a chance de tecer um novo romance está bem debaixo do seu nariz? "

" E não estou nem perto de formular o que eu quero dizer, tanto quanto estava horas atrás. Mas nunca vai haver algo certo a se dizer e nunca vai haver um momento certo para dizer. Depois de quase vinte anos de nunca conseguirmos dizer alguma coisa um para o outro, convenhamos, não importa o que, onde ou como vai ser dito. Só precisa ser dito. "