4 de abril de 2020
(Review 340) - Garota Exemplar
Autor: Gillian Flynn
Editora: Intrínseca (Brasil) / Broadway Books (USA) / Debolsillo (Espanha)
Editora: Intrínseca (Brasil) / Broadway Books (USA) / Debolsillo (Espanha)
Páginas: 448
Ano de Publicação: 2014 (EUA) / 2018 (Brasil)
Ano de Publicação: 2014 (EUA) / 2018 (Brasil)
Gênero: Thriller Psicológico
Valoração: ★★★★★
Valoração: ★★★★★
Goodreads / Amazon / Skoob / Saraiva / Cultura
Em "Garota Exemplar" a narrativa não linear de Gillian Flynn se alterna entre duas perspectivas opostas e conflitantes, construindo uma atmosfera dúbia, capaz de fazer o leitor mudar de opinião a cada capítulo. Com um humor perspicaz, o thriller expõe as consequências psicológicas da deterioração de um relacionamento íntimo. Se para muitos o problema está em acordar e perceber que não se conhece muito bem a pessoa com quem se divide a cama, Flynn alerta: o inferno pode ser conhecê-la bem demais. Na manhã do quinto aniversário de casamento, Amy desaparece da nova casa, às margens do Rio Mississipi. Tudo indica se tratar de um sequestro, e Nick imediatamente chama a polícia, mas logo as suspeitas recaem sobre ele. Exibindo uma estranha calma e contando uma história bem diferente da relatada por Amy em seu diário, ele parece cada dia mais culpado, embora continue a alegar inocência. À medida que as revelações sobre o caso se desenrolam, porém, fica claro que a verdade não é o forte do casal.
Se você nunca leu o famoso Garota Exemplar, que literalmente consagrou Gillian Flynn como uma rainha do suspense, certamente já deve ter ouvido falar da adaptação do mesmo, estrelada por ninguém menos que Ben Affleck. Por incrível que pareça eu era uma das raras figuras que, apesar de ter um blog literário, nunca havia lido o famoso livro e nem assistido a comentada adaptação. Quando surgiu a oportunidade de finalmente conhecer a obra de Gillian Flynn em uma leitura coletiva, me uni na hora.
A verdade é que Garota Exemplar foi uma leitura de altos e baixos pra mim, maiormente de baixos. Talvez a culpa seja das expectativas. Vejamos: o livro conta com uma valoração alta no Goodreads, é famoso, ganhou uma adaptação, está sempre sendo relembrado nos blogs através de resenhas, geralmente positivas. Em resumo: é um livro que, apesar de já ter passado a sua grande hype, ainda hoje não saiu totalmente das prateleiras de muita gente. Então eu esperava que o famoso thriller doméstico que apresenta o casal Dunne como protagonista fosse pelo menos capturar minha atenção por completo. E não foi assim.
Achei a história cansativa. Demora pra tomar fôlego e como leitora demorei pra perceber o rumo das coisas. Há reviravoltas bem legais e inesperadas com certeza porém, achei a narrativa densa demais, prolongada em excesso e os personagens me pareceram frívolos e vazios, não pude torcer por nenhum.
Em uma resenha que li recentemente, a blogueira comentava que esse aspecto dos personagens serem nada simpáticos é o grande trunfo de Flynn, pois em primeira mão o leitor conhece personagens que são marcantes mas não exatamente por serem carismáticos, mas por serem problemáticos, psicopatas ou extremamente perturbados. Até concordo com essa opinião, realmente Gillian Flynn constrói e depois desconstrói seus personagens, deixando evidente certos traços de sociopatia que são em certo ponto mais aterrorizantes do que cenas de puro terror. Porém, ao meu ver, as coisas ficam muito tempo em fogo lento, o livro demora pra ter uma grande reviravolta e embora a autora brinque com o leitor, nos deixando totalmente à cegas durante a maior parte da trama, o desenrolar pode ser cansativo em muitos pontos e houve momentos em que eu esperava por mais ação ou uma mudança de tom na narrativa, onde tudo se tornasse mais brutal.
Eu não consegui terminar esse livro em tempo hábil pra participar da Leitura Coletiva. Eu comecei Garota Exemplar, mas desisti da leitura após ler 35% da trama. A história não me convencia e não me empolgava.
Apenas agora, no fim do ano, decidi retomar a leitura e insistir, esperando ser surpreendida até o final. Terminar esse livro me deu uma satisfação imensa, porque eu me sentia mal em haver abandonado um livro tão elogiado e queria conhecer o desfecho da história de Amy e Nick. Mas, não foi de maneira nenhuma um livro que me marcou ou que se torna especial pra mim, não foi um livro que me surpreendeu, e até o final a narrativa me pareceu densa, embora admito que as coisas melhoraram consideravelmente à partir da metade da trama.
Eu achei legal a autora desconstruir seus personagens da maneira como o fez. Não houveram grandes heróis, não houve nenhum grande mártir. Todos os personagens aqui estão quebrados, revelando muitas vezes suas piores facetas. Mas, ao mesmo tempo, enquanto revelam seu pior, são capazes também de nutrir sentimentos íntegros. Eu gostei dessa dualidade de caráter que Flynn insere em seus personagens, a autora mescla compaixão, gratidão e afeto com ciúme, obsessão, vingança e astúcia. Seus protagonistas, aliás, são frios e inteligentes, de raciocínio rápido, é um constante jogo de gato e rato onde ganhadores e perdedores se alternam e isso é bem imprevisível pois o leitor nunca sabe como a história poderá finalizar. Talvez, o grande mérito de Garota Exemplar seja esse: apresentar uma história sobre um casal que se ama e se odeia na mesma intensidade, capaz de levar esses sentimentos ao lado mais extremo, em ambos os casos. Isso choca o leitor, mas ao mesmo tempo é crível. Dá pra imaginar esse casal convivendo, e esse realismo é o que faz de Garota Exemplar um thriller que por vezes assusta, porque retrata uma convivência tóxica, fatal e doentia, que quando encerramos a leitura nos damos conta que é tão crível que poderia estar acontecendo em qualquer lugar, com qualquer casal "acima de qualquer suspeita" que encontramos por aí.
Concluindo...
Embora Garota Exemplar não seja um thriller que tenha me conquistado por completo, é o tipo do livro que pode agradar grande parte dos leitores do gênero pois Flynn narra e descreve com maestria todas as facetas de suas personagens e consegue entregar uma trama extensa que mantém um certo suspense até o final.
Não gostei do desfecho, achei sem graça, ficou faltando um epílogo ou então uma reviravolta que deixasse o leitor de boca aberta. Foi um desfecho sem sal pra mim.
Até pretendo ler outros livros de Gillian Flynn futuramente, porém, admito que após tantos altos e baixos com sua narrativa neste livro, irei ler outros livros da autora com as expectativas bem mais baixas.
Quem curte thrillers densos, onde apesar de não haver grande derramamento de sangue, há uma trama daquelas que deixa o leitor angustiado e pensativo, este é certamente um livro recomendado. É ideal para leitores que gostam de acompanhar o desenrolar de mentes criminosas, que planejam com frieza e cautela crimes que desafiam a lógica. Aliás, o livro todo é um desafio à lógica, cuja trama convida o leitor a refletir, muito mais do que a desvendar.
"Mas aquilo tinha que acabar porque não era real, não era eu"
Gillian Flynn é jornalista e, antes de se dedicar inteiramente à carreira de escritora, trabalhou por dez anos como crítica de cinema e TV para Entertainment Weekly. Nascida na cidade do Kansas, no Missouri, e formada em Jornalismo e Inglês pela Universidade do Kansas, Gillian escreveu durante dois anos para uma revista de negócios na Califórnia e concluiu um mestrado em Jornalismo na Northwestern University,. em Chicago.
Além de Garota Exemplar, é autora dos premiados Na própria carne e Dark places. Seus livros foram publicados em 28 países e tiveram os direitos de adaptação cinematográfica vendidos.
Atualmente, Gillian mora em Chicago com o marido e os filhos.
Não vejo a hora de lê!! Vi muita gente falando sobre..
ResponderBorrarBeijosss
Segredosdamarii.blogspot.com
Oi, Ivy como vai? Eu não li este livro, apesar de suas ressalvas é um livro que lerei futuramente, pois gosto do gênero. Adorei a resenha. Quando o ler não irei com altas expectativas para não me deceocionar. Abraço!
ResponderBorrarhttps://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/
Opa, tudo bem por aí?
ResponderBorrarNão cheguei a ler a obra. Na época em que o livro estourou, eu ainda cheguei a colocá-lo na minha wishlist, mas assisti ao filme e perdi a vontade de ler o livro. A adaptação cinematográfica é realmente muito boa, mas eu fiquei receoso quanto ao livro por causa de algumas resenhas que li e fiquei adiando a leitura. Alguns pontos que parecem bastante com os que você citou, de que faltava algo para ser o thriller perfeito. Adorei a resenha!
Abraços!
Acampamento da Leitura
Olá! Amei a sua resenha, foi uma forma de ver o livro completamente diferente.
ResponderBorrarEu já tinha visto muitas pessoas elogiando o livro mas, eu ainda não tive a oportunidade de ler nada da autora. Mas, um dia vou querer fazer alguma leitura (mas, a minha lista está grande e cada dia mais estou doando meus livros).
Enfim, acho que a leitura foi agradável mesmo não sendo a sua preferida da autora.
Beijocas.
https://www.parafraseandocomvanessa.com.br/
Oi Ivy,
ResponderBorrarEu gosto bastante da adaptação, apesar de achar longa, e esse fato me faz ter certo receio de ler o livro, porque fico imaginando parte de suas ressalvas.
Livro dela eu gostei mesmo de Objetos Cortantes. A série da HBO amenizou umas informações, talvez seja uma boa pra vc.
até mais,
Canto Cultzíneo
Olá, Ivy.
ResponderBorrarQue pena que o livro não funcionou com você. Eu devorei ele em um dia. Mudava de ideia a cada capitulo lido sobre quem era o culpado. Mas também li ele antes de ficar "famoso" hehe. Já aconteceu de eu ler livros que todo mundo ama e eu achar chato hehe.
Prefácio
Eu li outro livro da autora e tive essa impressão que você teve nesse, de faltar algo e de ter um tcham a mais. Apesar de querer dar outra chance a autora não sei se quero ler este, parece de verdade muito com o outro que li dela. Gostei da resenha sincera!
ResponderBorrarOi Ivy, tudo bem?
ResponderBorrarEu comecei nos thrillers não faz muito tempo e por incrível que pareça, a Gillian Flynn não foi uma das minhas escolhas de futuras leituras. Não sei se acho as premissas um pouco confusas ou se não estou pronta para encarar os personagens extremamente complexos que ela cria porque se tem uma coisa pela qual ela é famosa é a galeria de criações psicóticas, sociopatas ou mentalmente complicadas.
Um beijo de fogo e gelo da Lady Trotsky...
http://www.osvampirosportenhos.com.br