(Review 337) - Dry - De repente, no último livro

29 de febrero de 2020

(Review 337) - Dry

Título original: Dry
Autor: Neal Shusterman e Jarrod Shusterman
Editora: Simon & Schuster Books (EUA) / Saída de Emergência (Portugal) / Nocturna (Espanha)
Páginas: 320
Ano de Publicação: 2018 (EUA)
Gênero: Distopia Juvenil
Valoração: 

Até onde você chegaria para conseguir a última gota de água?
A seca já dura um bom tempo na Califórnia. E a vida da população tornou-se uma interminável lista de proibições: proibido regar a grama, proibido encher as piscinas, proibido lavar os carros, proibido banhos demorados...Até que um dia as torneiras secam de uma vez por todas E é assim que, de repente, o tranquilo bairro onde Alyssa Morrow vive se transforma em uma zona de guerra, onde vizinhos e famílias, outrora unidos e solidários, agora se atacam em busca de água. Quando os pais da jovem saem e não regressam mais, Alyssa tem de tomar decisões impossíveis se quiser sobreviver. Um thriller fantástico que pode acontecer ainda nos nossos tempos... e na nossa rua.


  
Dry é uma distopia escrita pelo consagrado Neal Shusterman (O Ceifador) em parceria com seu filho, Jarrod Shusterman. 
A trama vem debater um tema que vem se tornado cada vez mais importante e discutido: a escassez de recursos naturais que não para de crescer em nossa sociedade dinâmica e inconsequente. 

Alyssa Morrow  vive no sul da California, numa zona segura, civilizada, longe de guerras ou quaisquer conflitos iminentes. O governo já havia adotado uma politica de conscientização aos moradores, apelando para que as pessoas utilizassem água de maneira racional. Piscinas e outras excentricidades passaram a ser proibidas e os moradores estavam todos mais ou menos cientes de que poderia haver ainda mais restrições em quanto ao uso da água. Mas, quando a água simplesmente desaparece das torneiras de toda a região, o pesadelo dá início. 
A corrida aos mercados e lojas se torna voraz, mas os estoques logo esgotam. Quem teve a oportunidade de adquirir água, deve esconder como se fosse ouro, e o grande restante que não chegou em tempo, ficou entregue à própria sorte. 
Quando os pais de Alyssa escutam que pode haver esperança perto da praia, eles partem em busca da água, deixando Alyssa e seu irmão menor, Garrett, escondidos em casa. Até então, a vizinhança ainda é civilizada, e consegue compartilhar tudo da melhor maneira. Mas, o tempo passa e os pais de Alyssa não retornam, as notícias se tornam cada vez mais apavorantes e o desespero pela água aumenta, tornando pessoas antes gentis em predadores violentos.
Ficar em casa é perigoso. A California se tornou zona de risco e todos querem fugir. Alyssa precisa cuidar de Garrett e isso inclui buscar a água já que não há mais comida ou bebida em nenhum lugar.
O vizinho de Alyssa, Kelton, ofereceu ajuda. Sua família é obcecada por teorias apocalípticas e foram os únicos que se preparam para um desastre de grandes proporções. Antes vistos como excêntricos e loucos, eles agora se tornaram a esperança de toda a vizinhaça, mas compartilhar um recurso que se tornou extinto pode ser o estopim para uma tragédia.
Assm, Kelton, Alyssa e Garrett se vêem obrigados a fugir, em busca de um refúgio seguro construído pelos pais de Kelton em um lugar isolado nas montanhas. A jornada é perigosa. As pessoas são capazes de qualquer coisa pela esperança de um pouco de água e os valores da sociedade, antes mantidos com firmeza, vão aos poucos se desintegrando, dando lugar a um novo ambiente: primitivo, cruel, mortal e hostil. 

Minha opinião:

Sinto que fazia um tempão que não lia uma distopia. Dessas boas que fazem a gente roer as unhas e praticamente se sentir parte dessa batalha pela sobrevivência. Com Dry pude sentir toda essa adrenalina que sempre me faz amar ler esse tipo de livros. 
Dry nos transporta para um ambiente bem apavorante e brutalmente real. 
Neal Shusterman escolheu tratar de um tema atual e discutido com bastante frequência nos dias atuais. Mudanças climáticas, o aumento da temperatura e por consequência, a falta de água. Pra nos fazer refletir tudo isso de maneira bem abrangente o autor usou de um cenário assustador, que faz qualquer leitor sentir um tiquinho de desespero enquanto lê. Essa é uma distopia que apresenta um cenário muito possível, e encarar isso é triste demais porque quando a gente pesquisa a nossa realidade com profundidade descobre que a trama de Shusterman pode se tornar uma "não ficção" muito em breve, se não fizermos nada pra mudar esse panorama. 

Eu gosto muito da escrita do Neal Shusterman. Desde O Ceifador ele já havia me impressionado por sua versatilidade e originalidade. As tramas que Shusterman escreve nunca são mais do mesmo e nem se prendem a clichês certeiros. Ler algo do Shusterman sempre me faz sentir aquela ansiedade de saber que algo completamente diferente está chegando e mais uma vez o autor mantém essa característica. 

O livro é super dinâmico porque vem narrado na primeira pessoa através das vozes de vários personagens. No início temos Alyssa e Kelton, intercalando seus pontos de vista, mas logo entram novas caras como Jacquie  e Henry, e o mais legal é que todos esses personagens narradores são cheios de defeitos e fraquezas então apesar de cada um ter um ponto de vista bem diferente uns dos outros, a gente sente em cada narrativa o desespero evidente que vai aumentando conforme a situação toda fica cada vez mais caótica. 

Esse livro me lembrou muito os livros de zumbis que adoro ler. Quem já leu Red Hill por exemplo vai sentir uma vibe parecida lendo Dry. Apesar de não termos aqui os zumbis, temos gente desesperada, capaz de qualquer coisa por umas gotas de água e por conta desse desespero se formam gangues, as pessoas cometem atrocidades e perdem seus valores morais, e perto do final a sociedade se torna quase que uma sociedade zumbi sucumbindo literalmente no meio do caos. 

Se a gente pensar bem na questão toda, realmente a água move tudo. Sem água há escassez de alimentos, de bens e de tecnologia. Há um momento no livro quando a eletricidade termina, pois não há água nas usinas, e os personagens enfim se dão conta do estágio desolador em que são lançados em que eu, como leitora, senti medo real. Durante toda a leitura eu só conseguia pensar quão longe / ou perto estamos desse cenário? 

Achei bacana também a maneira como os Shusterman expõem o papel do governo na trama. Sempre ocultando informações e manipulando a mídia, tentando minimizar os efeitos de uma tragédia com tal de não perder o controle, os autores lançam boa parcela da culpa para o governo que oculta demais sempre que pode, e achei que o jeito como isso é conduzido na trama se torna bem realista e coerente, dá pra fazer a gente pensar bastante em nossa própria realidade e no que só vem à público quando a "casa já caiu".

Concluindo...
Apesar de ser uma distopia, Dry  é um livro que acho necessário e que deveria ser lido por todo mundo. É uma leitura perfeita pra deixar a gente bem mais consciente sobre os perigos da escassez de recursos e a bomba relógio que temos nas mãos pra tentar reverter os efeitos de décadas de irresponsabilidade com nosso próprio planeta. Como eu disse, construindo um cenário desolador, os Shusterman conseguiram dar o que pensar ao leitor e não deixar indiferente ninguém que leia esse livro. 
Dry é mais que uma distopia, pois possuí um toque de realismo assustador que mexe com as emoções da gente. Com personagens bem desenvolvidos e uma narrrativa rápida e tensa, Dry é aquele tipo de livro que prende e choca o leitor, fazendo a diferença e se tornando uma leitura única, em muitos sentidos. 
Totalmente recomendado.

" Seus olhos cansados buscam os meus. Uma chama cai ao seu lado e queima a erva seca. Ele se coloca de joelhos. Se arrasta. Funcionou! Ter a mim como prioridade ajudou para que ele conseguisse despertar a pouca energia que ainda tem, da mesma maneira que concentrar-me nele também me ajudou. E me dou conta de que esta é a verdadeira essência da natureza humana: quando perdemos as forças para salvar a nós mesmos, de algum modo ainda conseguimos encontrar fôlego para nos salvar uns aos outros. "



" Não foi a Jacqui que me contou que o corpo humano é composto de 60% de água? Bom, agora sei o que compõem o resto. O resto é pó, o resto é cinzas, é pena e tristeza. Mas, acima de tudo, nos une a esperança. E a alegria. E um manancial de tudo o que ainda poderemos ser. " 

Booktrailer:



*** E se você gostou da resenha deste livro, não deixe de conferir as resenhas do outro livros do autor:

O Ceifador


Jarrod Shusterman já publicou relatos e contos em várias antologias, entre elas um êxito de vendas do gênero chamada "Unbound". Além disso, Jarrod também é roteirista de cinema e de televisão. Atualmente está trabalhando ao lado de seu pai, Neal Shusterman, na adaptação cinematográfica de "Dry", livro escrito por ambos e que foi adquirido pela Paramount Studios. Jarrod vive em Los Angeles, mas adora viajar ao redor do mundo, atualmente está se especializando no estudo do Espanhol. 






Neal Shusterman nasceu em Nova York, no ano de 1962 e é um premiado autor, novelista, roteirista e direitor de televisão. Ele ficou famoso com seus livros de distopia e fantasia dedicados ao público Young Adult e já ganhou vários prêmios com suas obras. Ele é o autor do best-seller "O Ceifador", livro já traduzido para dezenas de idiomas e cujos direitos para adaptação já foram vendidos para a Universal Studios, além de "Dry" que está sendo produzido pela Paramount Studios. 

Web Page Oficial:http://www.storyman.com/

Twitter: Neal Shusterman






Até a próxima, 


Ivy

7 comentarios:

  1. Oi, Ivy como vai? Achei a premissa interessante, pois é assunto importantíssimo que é pouco explorado e também pouco mostrado em livros. Adorei a resenha. Abraço!


    https://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/

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  2. Oi, Ivyyyyyy!
    Quando vi que era do maravilhoso Shusterman já tinha certeza que ao fim da sua resenha ia colocar Dry na wishlist.
    O Ceifador é uma das séries que mais gosto. É muito diferente e inteligente, assim como a outra dele, Fragmentado (que gosto, mas não taaaaanto como O Ceifador).
    Realmente, o cenário de Dry é muito próximo, muito real e extremamente assustador.
    Água é o que literalmente move tudo.
    Sinto que vai ser aquela distopia para amar, mas ficar com medo, haha.
    E muito legal saber que os diretos já foram vendidos, assim como de O Ceifador.
    Mas sempre bate aquele medinho da adaptação estragar nossos livros preferidos, né?

    Beijoooos

    Teca Machado
    www.casosacasoselivros.com

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  3. Oi Ivy, tudo bem? Eu já li um serie do Neal e gosto bastante do autor, acho que ele é único capaz mesmo de me fazer ler distopia atualmente rs Gostei dos temas e pela resenha parece uma excelente leitura!

    Bjs, Mi

    O que tem na nossa estante

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  4. Oi, Ivy!
    Eu amo o Neal, mas acredita que esqueci completamente desse livro dele com o filho?! Vou já tentar dar uma encaixada na TBR do ano kkkk Faz tempo que larguei distopias, mas essa eu fiquei curiosa.
    Beijos
    Balaio de Babados
    Participe do sorteio Rumo aos 4K no instagram

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  5. Oi Ivy
    Eu já li algumas resenhas de O Ceifador e muito me interessa, agora este livro que você está resenhando, nossa, se eu tivesse aqui agora eu já iria pegar para ler!
    Amei a proposta!!

    Beijos Mila

    Daily of Books Mila

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  6. Olá, Ivy.
    Esse cara é uma maquina de criar distopias. Já trouxeram duas para cá e não terminaram nenhuma ainda hehe. A da Novo Conceito acho que já era, só se outra editora terminar. E claro que me interessei por esse também e vou torcer para alguma editora publicar por aqui.

    Prefácio

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  7. Oi
    nunca li nada do autor, Neal Shusterman, porém sempre vejo comentários positivos sobre a sua obra, faz tempo que não leio distopia e fiquei curiosa, parece ser instigante e agora fiquei torcendo para que seja publicado por aqui.

    http://momentocrivelli.blogspot.com/

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