(Review 169) - Três Coroas Negras

Three Dark Crows

Kendare Blake

Globo Alt / Océano Gran Travesía / Del Nuevo Extremo 

304 Páginas
 Fantasia / Romance / Juvenil

Goodreads / Amazon / Casa del Libro / Skoob

★★★★
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A cada geração na ilha Fennbirn nascem rainhas trigêmeas: três herdeiras da coroa, cada uma com um poder mágico especial. Mirabella é uma elemental, capaz de produzir chamas e tempestades com um estalar de dedos. Katharine é uma envenenadora, com o poder de manipular os venenos mais mortais. E Arsinoe é uma naturalista, que tem a capacidade de fazer florescer a rosa mais vermelha e também controlar o mais feroz dos leões. Mas para coroar-se rainha, não basta ter nascido na família real. Cada irmã deve lutar por esse posto, no que não é apenas um jogo de ganhar ou perder: é uma batalha de vida ou morte. Na noite em que completam dezesseis anos, a batalha começa. 

Essa foi minha primeira experiência com a escrita da autora Kendare Blake. Sua bilogia anterior, Anna vestida de sangue, possui resenhas mistas, alguns amaram outros se sentiram desapontados, especialmente com a segunda parte da história. Com Três Coroas Negras desde o inicio tentei ir sem criar expectativas, na verdade tinha o pé atrás com a saga, pois esse livro foi escrito inicialmente com o propósito de ser uma bilogia. Com o sucesso da trama a autora resolveu extender a historia para uma tetralogia. Esse é o tipo de coisa que sempre me deixa frustrada. Não termino por entender pra quê esticar tanto a história. Na maioria das vezes o intento acaba falhando (perguntem a Kiera Cass que tal a acolhida da quarta e quinta partes de A Seleção) e o que poderia ser uma história memorável termina por ser uma trama maçante, repetitiva e até mesmo incoerente.

A premissa é bem legal. Três irmãs destinadas à se tornarem rainhas, porém, apenas uma deverá governar. As outras duas serão assassinadas pela grande vencedora. Cada uma delas recebeu um dom.

Mirabella é uma elemental. Ela consegue controlar forças da natureza, os elementos do fogo, ar, água e terra. Mirabella consegue dançar ao redor do fogo sem queimar-se, ela pode invocar um raio e destruir um lugar inteiro, ela pode manejar o fluxo das águas do mar. 

Arsinoe é uma naturalista. Ela entende, fala e se conecta aos animais. O naturalista inclusive tem um familiar. Familiar é um animal intimamente conectado ao naturalista. Os pensamentos, as atitudes e as sensações são compartilhadas e quanto maior e mais selvagem o animal, maior o poder do naturalista.

Katharine é uma envenenadora. Ela resiste à qualquer veneno. São sua especialidade. Trabalhar com venenos é seu dom, eles são sua fonte de energia, seu alimento e sua forma de defesa. 

Por duzentos anos os envenenadores assumiram o poder de todo o reino. Eles comandam o Concílio e decidem tudo com mão de ferro. Mas agora, o Templo das Sacerdotisas, a força religiosa do reino, decidiu escolher um lado, e estão dispostos à alçar a poderosa Mirabella ao trono. Por outro lado, os naturalistas tampoco ficam atrás, e também tem planos. Arsinoe pode contar com a ajuda de sua guardiã, a poderosa Jules, que não apenas está disposta a protegê-la como também está disposta à ajudá-la a vencer Katharine e Mirabella.

A narrativa em terceira pessoa foi uma ótima escolha nessa trama. Acho que ficou mais fácil entender os passos de cada personagem. A escrita de Kendare Blake é linear, pausada, é o tipo do livro que durante os primeiros capítulos resultará inclusive cansativo. Não é o tipico livro de fantasia carregado de ação e movimentações mirabolantes, a história vai indo em ritmo mais lento mesmo, vamos conhecendo a rotina de cada uma das três rainhas, tendo acesso não apenas às suas personalidades mas também aos que estão ao seu redor, os poderosos incumbidos de guiá-las.

Foi um pouco complicado entender a história. Kendare Blake desaproveitou a ambientação. Acho que a autora poderia ter mostrado ao leitor maiores detalhes sobre o lugar onde a história ocorre, ficamos praticamente à cegas com relação à isso. Além disso, ao meu ver, são muitos personagens inseridos de uma vez na trama e o leitor demora pra identificar quem é quem na história. A impressão que temos é a de que muitos foram introduzidos na trama precipitadamente (como é o caso da tia Caragh, que é citada em vários momentos porém o leitor carece de informações sobre ela), enquanto outros por mais que apareçam, são tão irrevelantes que o leitor facilmente os esquece.

Das quatro histórias de amor apresentadas na trama, nenhuma delas me convenceu completamente. Me pareceu tudo muito instantaneo, superficial e até mesmo encenado. Nenhum dos romances me pareceu genuino e sinceramente acho que foram desnecessários. 

Quanto às três protagonistas, Mirabella foi a minha favorita (#TeamMirabella). Embora no começo ela aparentasse ser uma garota fria e arrogante, ao longo da trama revelou-se como a mais coerente das irmãs, a mais realista. 

Katharine me pareceu demasiado pura, inocente, ingênua. Tratando-se de uma garota que cresceu no circulo de maior poder, lidando com venenos e personagens de caráter forte, acho que Katharine merecia ter sido retratada como uma pessoa diferente. Ela carece de carisma nesta primeira parte.

Arsinoe me pareceu insuportável, um personagem detestável na minha opinião. A autora tenta passar a imagem da garota simples, rebelde. Aquela que cresceu livre. Mas ao longo do livro me pareceu uma menina vingativa, rancorosa e egoísta, em suma, odiosa. Além disso, o personagem acaba sendo eclipsado por Jules, sua guardiã, que termina por ser mais interessante  que a rainha naturalista e nos capitulos focados em Arsinoe o leitor fica com a sensação de ter conhecido Jules muito mais intimamente do que a própria Arsinoe.

O final é bem conduzido. Apesar de não ser um livro carregado de ação, os eventos finais são intrigantes o suficiente para manter no leitor a curiosidade em seguir com a série e saber oque ocorrerá com cada um dos personagens, especialmente Katharine.

Em resumo, Três Coroas Negras é o tipo do livro que recomendaria à qualquer leitor iniciar sem grandes expectativas, esperando apenas ser surpreendido em algum momento. Sua narrativa densa, pausada, pode resultar frustrante para alguns leitores que buscam um livro de reviravoltas, porém, num contexto geral a história é interessante e tem bastante potencial para se converter em uma saga original. Meu único porém é saber se Kendare Blake realmente conseguirá manter o nível da história em mais 3 livros ou se acabará perdendo o fio em algum momento. Já veremos que surpresas nos reserva sua continuação, Um Trono Negro, já publicada no Brasil pela Globo Alt.

Web Page oficial: http://kendareblake.com/

Twitter: Kendare Blake