(Review 102) - Mulheres de Cabul - De repente, no último livro

29 de septiembre de 2016

(Review 102) - Mulheres de Cabul


2026468Unveiled: Voices of Women in Afghanistan
Harriet Logan

Harper / Ediouro
Autoconclusivo
128 Páginas
 Romance / Narrativa  
Para leer en Español, haz click AQUI

O livro Mulheres de Cabul, da premiada fotógrafa inglesa Harriet Logan, amplia, de maneira mais realista, o universo afegão e apresenta uma reportagem viva, emocionante, quase inacreditável que supera qualquer ficção.
Harriet visitou o Afeganistão para ouvir e fotografar dezenas de mulheres durante o regime do Taleban e depois dele.
Durante o regime do Taleban, de setembro de 1996 à outubro de 2001, as mulheres do Afeganistão foram submetidas a absurdas leis repressoras, como não poder trabalhar fora e nem frequentar escolas. Era proibido rir em público, ouvir música, empinar pipas, e fotografias eram consideradas formas de idolatria. Foi nesse mundo de trevas que Harriet Logan mergulhou em busca de histórias e imagens humanas e dolorosas, a convite da London Summer Times Magazine, em dezembro de 1997, quinze meses depois que o Taleban havia assumido o controle do Afeganistão. Era uma missão perigosa, mas o risco valeu a pena, como se pode confirmar nas páginas de Mulheres de Cabul.


Para mim, foi muito gratificante ler Mulheres de Cabul.
Mulheres de Cabul é uma narrativa, um documentário, com fotos e informações muito reais e bastante esclarecedoras sobre a vida das mulheres no Afeganistão. Na verdade, esta foi uma leitura muito diferente dos outros livros que geralmente leio e não esperava que fosse gostar tanto.
Li este livro em poucas horas (é bem curtinho, além de que contém fotos) e me deixou muito satisfeita, mudou a minha forma de pensar e de ver muitas coisas, inclusive sobre as mulheres desta parte tão distante de nosso universo.

Por tratar-se de uma história real e uma narrativa, não temos aqui a nenhum personagem principal, pois o que Harriet Logan fez foi publicar uma coletânea de todos os testemunhos e relatos que escutou em suas viagens ao Afeganistão. São testemunhos bastante brutais, vidas de garotas destruídas pelo simples fato de serem mulheres, pessoas inteligentes, cheias de sonhos que foram privadas do direito de estudar ou do direito de trabalhar, ou ao direito de viver e de ser como elas gostariam de poder viver e ser.

A fotógrafa Harriet Logan esteve no Afeganistão em duas oportunidades: no ano de 1997 e depois, em 2001, após a queda do regime Taleban. Ali, esteve documentando o testemunho destas mulheres afegãs. É muito interessante se dar conta de como mudam as opiniões e em muitos momentos do livro me identifiquei com algumas das garotas, algo que não esperava.

O Afeganistão é uma nação que passou por um período bastante turbulento durante a ditadura do regime Taleban, extremistas islâmicos que tomaram a nação com leis bastante pesadas, como o uso da burqa nas mulheres, a proibição de escutar a música, a proibição de tomar fotos, mulheres não podiam sequer sair às ruas desacompanhadas por um homem, etc.
Hoje, após a queda do Taleban, o Afeganistão todavia vive em um grande dilema, além dos períodos de intensos conflitos. Harriet nos traz, em primeira mão, uma história sobre a busca por estabilidade em uma frágil nação que ainda vive sob a sombra da ameaça de extremistas, e que anseia por paz e por uma liberdade que muitas destas mulheres sequer sonharam em viver.
O testemunho destas mulheres foi especial e emotivo, e creio que Harriet Logan soube trazer-nos, com poucas palavras e com muita veracidade, tudo o que viu e viveu em seus dias pelo Afeganistão.

"Quando estava fotografando nas ruas, não podia levantar a câmera até o rosto das pessoas, de maneira que eu tive que tirar as fotos sem poder mirar diretamente a câmera.
Somente nos demos conta da tensão que pesava sobre nós quando saímos de Cabul, uma cidade dominada pelo medo. O efeito de toda esta tensão na população era nítido".

Para dizer a verdade, não estou muito atualizada com a situação do Afeganistão. Quando houve a queda do regime Taleban eu ainda era um bem pequena, de maneira que hoje, anos mais tarde, me resulta maravilhoso poder conhecer mais de um fato que mudou a vida destas pessoas tão diferentes de nós e, geralmente, esquecidas por nossas sociedades.

As mulheres entrevistadas por Harriet Logan são garotas valentes, que foram parar na prisão por exemplo apenas por haver insistido em continuar estudando. Foram agredidas fisicamente apenas porque, sem intenção, acabaram deixando o tornozelo exposto ao sair. Garotas que perderam os seus maridos nas incontáveis guerras, que conhecem desde sempre o mal sabor dos sonhos perdidos.

Este é um informe valioso, doloroso, brutal e verdadeiro, que recomendo muito à todos. É um livro bem curtinho, que se lê em uma sentada e que adiciona um conhecimento de nossa realidade muito diferente ao do que geralmente temos acerca de países como o Afeganistão.

Definitivamente, Mulheres de Cabul é um doloroso documentário que apresenta ao leitor o duro universo das mulheres no Afeganistão. São testemunhos que te fazem refletir, que te fazem sofrer junto à estas mulheres, compartindo com elas a dor por suas inúmeras perdas. Uma leitura muito recomendável, que se lê em poucas horas e que termina mexendo com nossas emoções e alterando a nossa visão sobre o que achávamos saber acerca de povos tão diferentes e distantes.



Harriet Logan é uma fotografa inglesa, nascida em 1967. Enquanto estudava na Universidade de Rhose Island, Harriet publicou um ensaio documentando a vida de John, um jovem morrendo de Aids. Como repórter e fotógrafa ela trabalhou viajando o mundo, para jornais e revistas internacionais, trazendo relatos de lugares como Somália, Sudão, a antiga Iuguslávia, Chechenia, Kosovo, Mongólia, Irán, Cachemira, Angola, Indía e America.  Durante vários anos, Harriet trabalhou em um projeto à largo prazo sobre a prostituição, pelo qual recebeu o prêmio David Hodge / Observer Newspaper Hodge Award en 1996. Seu ensaio mais aclamado é "Unveiled: Voices of Women in Afghanistan (Mulheres de Cabul)". Atualmente, Harriet vive em Londres com seus dois filhos, Jackson e Freddy, e com seu marido, Andy.



Nos Lemos,


12 comentarios:

  1. É um livro bem interessante e informativo, mas creio que não seja uma leitura muito fácil. Ainda não tinha visto nada sobre ele, mas a história é diferente. Não li nenhum livro neste estilo ainda.
    Beijos
    http://recolhendopalavras.blogspot.com.br/

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  2. Oi Alice!
    este livro me parece ter um assunto forte, e como vc mesma disse é um documentário. Fiquei curiosa para saber mais, gostei da dica.

    Beijinhos
    http://diariodeincentivoaleitura.blogspot.com.br/

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  3. Esse com certeza é um livro esclarecedor e com fatos pesados, que serve muito para conscientizar acerca da situação que essas mulheres enfrentam, uma realidade distante da nossa e muito sofrida.

    xx Carol
    http://caverna-literaria.blogspot.com.br/

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  4. Oi Alice!

    Nossa, me parece ser um livro super impactante e bem informativo tb. Acho importante ler sobre o tema e nos depararmos às vezes com leituras dolorosas como forma de nos conscientizar dos fatos.

    Adorei a dica!

    Bjs, Mi

    O que tem na nossa estante

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  5. Olá, Alice!
    Nossa, que livro intenso! Lê-lo certamente deve ser uma facada no estômago... mas mesmo sendo uma triste realidade, esse é um assunto que precisa ser falado e exposto. Quantas mulheres sofrem um pesadelo diário simplesmente pelo fato de serem mulheres. Livros como este nos dão uma ideia de como suas vidas devem ser pavorosas, mas o pior de tudo é que através deles não conseguimos saber nem de um terço da verdade. Me interessei bastante, e gostaria muito de poder ler este livro! Parabéns pela postagem e pelo blog, já estou seguindo!

    Um beijo!
    Débora
    http://amorlivronico.blogspot.com.br/

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  6. Oie Alice =)

    Não conhecia o livro, mas essa é uma temática que sempre me chama a atenção. O que mais gosto em ler é o fato de aprender durante a leitura. Conhecer lugares novos e descobrir culturas diferentes da nossa.

    Pela sua resenha esse livro tem isso, além de abordar um tema forte ao explorar uma triste realidade dessas mulheres.

    Dica anotada!

    Beijos;***

    Ane Reis.
    mydearlibrary | Livros, divagações e outras histórias...
    @mydearlibrary

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  7. Gostei da resenha Alice. Aprecio muito essas tramas intensas que nos revelam culturas e relatos dos países do Oriente Médio, sobre tudo no que concerne as mulheres. Dica anotada, viu? Beijo!

    www.newsnessa.com

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  8. Oi, Alice!
    A mensagem e o tema do livros são interessantes, mas infelizmente não fazem meu estilo :(
    Beijos
    Balaio de Babados
    Participe da promoção 5 Anos de Além da Contracapa

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  9. Oi Alice, sua linda, tudo bem?
    Eu fico muito impressionada com a história delas, acho que vários livros como esse deveriam ser escritos, palestras deveriam ser feitas, governos deveriam se reunir, alguém precisa fazer alguma coisa. Alguém precisa ser a voz dessas mulheres. Não conhecia o livro, mas já vi que irá mexer muito comigo e deixará marcas profundas. Vou anotar a dica com certeza!!! Sua resenha ficou ótima!!!
    beijinhos.
    cila.
    http://cantinhoparaleitura.blogspot.com.br/

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  10. Olá, Alice.
    Eu não sou muito fã de não-ficção. Mas esse livro me interessou bastante. É sempre bom a gente ler e ver outras culturas. Assim que sabe a gente dá amis valor a liberdade que temos aqui no nosso país.

    Blog Prefácio

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  11. Oi Alice,
    Parece ser muito interessante, hein? Gostei bastante da dica, não conhecia o livro.
    Não costumo ler não-ficção, então pode ser uma boa pedida.
    Beijos
    http://estante-da-ale.blogspot.com.br/

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  12. Olá Alice,
    Esse estilo de livro me agrada bastante! Gosto de leituras dolorosas que retratam bem determinado tema e esse livro parece cumprir, muito bem, seu papel.
    Vou anotar a dica, com certeza.
    Adorei sua resenha.
    Beijão,
    Um Oceano de Histórias

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