(Review 391) - Os Videntes (The Diviners #1) - Libba Bray - De repente, no último livro

12 de octubre de 2020

(Review 391) - Os Videntes (The Diviners #1) - Libba Bray

Título original: The Diviners
Autor: Libba Bray
Editora: Editora ID (Brasil) /  Brown Books (EUA) 
Páginas: 567
Ano de Publicação: 2013 (Brasil) / 
Gênero: Paranormal Histórico Juvenil
Saga: The Diviners
1. The Diviners 
2. Lair of Dreams
3. Before the devil breaks you
4. The king of crows
Valoração: 
Goodreads / Amazon / Skoob

Evie O´Neill foi exilada de sua entediante e pacata cidade natal em Ohio e enviada para as agitadas ruas da cidade de Nova York - e ela está maravilhada! Nova York é a cidade do contrabando, das compras e dos monumentais teatros. Logo Evie estará convivendo com as famosas garotas Ziegfield e com afamados batedores de carteira. O único problema é que Evie tem que morar com seu tio Will, curador do Museu Norte-Americano do Folclore, Superstição e Ocultismo, também conhecido como Museu dos Insetos Rastejantes. 

 

Quando uma série de assassinatos ligados ao ocultismo começam a acontecer, Evie e seu tio se vêem em meio a uma investigação policial. E, ainda por cima, Evie esconde um segredo: um misterioso poder que pode ajudar a capturar o assassino... isso se ele não a pegar primeiro...   

Os Videntes é um livro que embora seja um calhamaço, me conquistou desde as primeiras páginas, com uma ambientação requintada e uma trama que vai se tornando mais sombria com cada capítulo. Infelizmente, esse tetralogia incrível só teve seu primeiro volume traduzido para o português (pela Editora ID) e após o fechamento da editora, nenhuma outra editora brasileira manifestou interesse em publicar os seguintes livros. O que é uma grande pena, pois essa série merecia uma segunda chance!


A trama está ambientada no ano de 1926, na cidade de Nova York e nem precisa dizer que isso foi um dos fatores que mais me chamou a atenção, além da parte fantástica. Libba Bray trouxe uma veracidade enorme à trama trazendo fatos verdadeiros daquela época, como a Lei Seca e a presença dos gângsters, a morte do ídolo Rodolfo Valentino e os incansáveis bailes regados a muito jazz, a popularidade do espiristimo, a chegada do cinema falado e uma sociedade em constante ebulição que se moderniza e se questiona. Eu amei como a autora vai inserindo cada detalhe na trama, transportando o leitor para aqueles tempos de mudanças e inovações constantes, nos fazendo sentir aquela sociedade até o mais pequeno detalhe. Dá para notar o trabalho exaustivo de pesquisa histórica que Bray fez, e ele se manifesta na descrição dos bairros, nos costumes e nas crenças apresentadas.


A protagonista é a Evangeline O`Neill, uma garota de Ohio que é moderna demais para o lugar onde vive. E além de seu temperamento forte, Evie tem um dom estranho. Basta ela tocar qualquer objeto para ela literalmente 'ver' cada segredo obscuro da pessoa a quem o objeto pertence. Evie é literalmente uma vidente, e esse dom estranho, aliado ao desejo da garota de ser o centro das atenções, a colocou em problemas lá em Ohio e por isso mesmo seus pais a enviam para a efervescente Nova York, para ficar aos cuidados de seu tio, Will, que é diretor do Museu de Ciências Ocultas da cidade. Will tem um assistente, Jericho, um jovem com um passado bem misterioso. 

Quando um assassino coloca Nova York em pânico, Will é chamado para colaborar com a polícia. Ninguém tem pistas do assassino a não ser as estranhas passagens semelhantes ao livro de Apocalipse da Bíblia deixadas em cada vítima. O serial killer costuma levar também uma parte do corpo de cada vítima. 

 

Conforme Will vai ajudando na investigação, o grupo é levado aos caminhos de uma seita fanática e de um assassino completamente fora do comum, e o sobrenatural e o impossível se tornam evidentes. Para destruir o cruel Assassino do Pentagrama, Will, Evie e Jericho vão ter que usar não apenas a perspicácia, mas o poder de Evie e, quando outros como ela começam a aparecer em Nova York, fica claro que algo novo está chegando, e que algo perigoso irá emergir. 


Poderão os 'videntes' se reunirem a tempo antes que o mal vença? E quando so caminhos começarem a se cruzar, será que cada um deles estará disposto a revelar seu maior segredo e poder?


Minha opinião:


Eu já falei sobre a ambientação maravilhosa desse livro e como Libba Bray conseguiu me transportar para aquela Nova York incrível e cheia de misticismo da década de 20. Eu acho que o ponto mais forte desse livro é essa ambientação, cheia de detalhes e fatos reais que se aliam de maneira bem sutil e coerente com uma parte fantástica cheia de originalidade e tensão.

Esse livro foi muito mais do que eu esperava. O começo é divertido e dinâmico, porque a Evie é uma protagonista que ganha fácil a simpatia do leitor por conta de seu enorme carisma. Aliado à isso temos o fato de que não apenas Evie será foco do livro, mas a narração em terceira pessoa vai trazer vários outros personagens dotados de 'dons', e conforme a trama avança a gente vai conhecendo mais cada um deles. Achei maravilhoso como pouco a pouco cada personagem vai ganhando espaço e ao final todos se conectam, seus caminhos se entrelaçam de uma maneira bem criativa. 

O livro é um calhamaço porque a trama é ricamente escrita, e até cada personagem ser apresentado leva um tempo. Além dessa introdução de vários personagens principais de potencial e a construção de suas estórias, temos também o Assassino do Pentagrama que garante os momentos de terror e mistério que me fisgaram completamente.

Libba Bray retrata tanta coisa, e de maneira tão mirabolante que fiquei completamente apaixonada por essa série, e me senti arrebatada por cada personagem. 


A parte dos crimes é bem assustadora, muito mais do que parecia à princípio e eu gostei como a autora vai montando essa parte da trama, usando do fanatismo religioso com uma boa dose de loucura e sobrenatural para trazer um assassino de dar medo de verdade. Os crimes e as motivações do assassino foram bem originais e vários momentos inesperados me surpreenderam. Os Videntes é um livro impossível de se prever, e é o tipo de leitura que envolve aos poucos, e marca forte até o final.


Quanto ao final, aliás, achei que tudo termina de maneira bem perfeitinha, deixando em aberto alguns arcos importantes para os próximos livros, ao mesmo tempo em que finaliza o conflito principal desse primeiro livro. É bacana porque não é um final aberto, dá para ler essa primeira parte e finalizar ela sem muitas dúvidas, mas ainda assim o livro é tão bem escrito que a gente quer seguir acompanhando o desenvolvimento desses personagens e quer saber mais do que virá (porque à todo instante fica a constatação de que algo grande ainda está por ser revelado).


Os personagens são todos incríveis. Temos a Evie O´Neill que, embora nesta primeira parte tenha algum destaque como protagonista, na verdade acaba dividindo espaço com outros garotos e garotas como ela e eu gostei desse grupo bem eclético que a autora apresenta. Tem personagens para todos os gostos e estilos, e achei que todos foram extremamente bem construídos, contribuindo e muito para que a trama se tornasse mais ágil e cheia de detalhes maravilhosos. Eu gostei do núcleo da personagem da Mabel, a melhor amiga da Evie, porque seus pais são comunistas e vivem em reuniões e protestos e achei que Libba consegue apresentar um panorama interessante dessas pessoas naquela época. Também temos a outra amiga de Evie, a Theta, que é uma espécie de vedette, e através dela o leitor é transportado para o mundo de espetáculos e glamour da velha Nova York, e é incrível!

Eu adorei cada personagem, me senti envolvida nas estórias de cada um, e cada núcleo é super importante, ao fim todos se conectam então nenhum detalhe se perde. 

Evie foi uma das minhas favoritas, porque ela é muito cheia de vida e energia, é muito fácil de conquistar o leitor. Ela não é uma mártir e nem uma heroína desprendida de tudo, ela na verdade pode ser até um pouco egoísta e eu gostei desses defeitinhos da personagem, que a tornaram mais próxima e real do leitor, sem chegar a ser irritante. Jericho e  Sam  também foram maravilhosos, assim como o próprio tio Will. Todos eles possuem uma estória, uma razão e ocultam algo, e quando o leitor descobre seus segredos, tudo parece cobrar sentido e a parte mais fantástica se torna crível e bem coerente, a gente consegue imaginar a maioria dos detalhes realmente como fatos capazes de acontecer, e isso é bem bacana, o fato de poder encontrar esse toque paranormal/sobrenatural tão extremamente convincente.


Eu gostei tanto dessa primeira parte que já embarquei na segunda parte de imediato, me apeguei aos personagens e como se trata de mais um calhamaço sei que se não for ler agora, provavelmente vou acabar deixando a preguiça dominar e acabarei demorando demais para dar continuidade (e essa série definitivamente não merece isso!). Aliás, pela primeira vez em muito tempo admito que essa é uma série que pretendo maratonar, já que o último livro, em inglês, já foi publicado. 


O que eu gostei:


➽ Personagens bem construídos, o destino de cada um deles aos poucos se entrelaça de maneira bem original.


➽ Diversidade dos 'dons' dos personagens.


➽ Vilão convincente


➽ Ambientação realista e completa


➽ Diálogos inteligentes


➽ Um toque de humor e ironia irresistíveis


➽ Parte sobrenatural/paranormal fascinante e super bem elaborada


➽ Escrita envolvente e fácil



O que eu não gostei:


➽ O excesso de páginas é sempre um problema para mim, e embora eu ache que foram necessárias para essa primeira parte, admito que alguns capítulos foram longos demais para mim. Preferia um livro mais 'enxuto'.


"Eles haviam vendido para seus filhos um punhado de mentiras: 'Deus e a nação'. 'Amar aos pais'. 'Tudo era justo'. E logo haviam mandado aqueles garotos, o seu irmão, para combater em uma guerra monstruosa que mutilava, matava e destruia o que quer que tivessem por dentro. E eles seguiam mentindo, e esperando que ela repetisse suas palavras e seguisse o jogo. Bem, pois ela não faria isso. Agora ela sabia que o mundo estava bem longe de ser justo. Sabia que os monstros existiam de verdade".



"Se Evie havia aprendido alguma coisa em sua curta vida, uma delas era que o perdão por ter feito algo era muito mais simples de alcançar do que a permissão para fazer algo. De qualquer maneira, ela tampouco tinha a intenção de rogar por nenhum dos dois."


Continua em:




Libba Bray é uma autora americana, nascida no Alabama em 1964. Seu pai era pastor evangélico e sua mãe era professora. Ela viveu no Texas até os seus 26 anos de idade. Bray se formou em teatro pela Universidade de Austin, no Texas. Seu primeiro trabalho após se mudar para Nova York foi no departamento de publicidade da editora Penguim, seguido de três anos na Spier, uma agência publicitária especializada em livros. 
Seu marido, Barry Goldblatt, um agente de livros infantis, foi quem a incentivou a começar a escrever livros para jovens adultos.
Seu primeiro livro, 'A great and terrible beauty', primeira parte da trilogia 'Gemma Doyle', se tornou um best-seller pelo The New York Times. Logo após esta trilogia, veio o estrondoso sucesso de 'The Diviners', uma tetralogia paranormal de mistério ambientada na década de 20.
Atualmente, Libba ainda vive ainda em Nova York, com seu marido e seu filho.

Web Page Oficial: https://libbabray.com/books/

Twitter: Libba Bray

Instagram: Libba Bray










Até a próxima, 


Ivy

19 comentarios:

  1. Oi, Ivy!

    Amei a premissa e sua resenha. Que pena que o livro não teve uma segunda chance, ele parece ser realmente incrível e fiquei encantada ao imaginar ver Nova York sobre essa perspectiva.

    Beijos, Fantasma Literário

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  2. Oi, Ivy

    Ai que pena que nenhuma outra editora se interessou em publicar. :/
    Confesso que nunca tinha ouvido falar!
    Eu adoro os anos vinte e pelo que você descreveu realmente parece ser uma história muito bem ambientada! Eu nem curto muito o gênero, mas já vou ver aqui na Amazon para colocar na lista e não esquecer dele!

    Beijos
    -Tami
    https://www.meuepilogo.com

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  3. Oi, Ivy como vai? Que bom que o livro lhe agradou por completo. Parece-me um ótimo livro. Muito boa sua resenha. Abraço!


    https://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/

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  4. Oi, Ivy, tudo bem?
    Enquanto lia a sua resenha pensei na hora que esse enredo daria uma boa série de TV. Ah, eu já adoro livro com muitas páginas, eu fico toca animada, risos... Eu lembro dessa editora, ela tinha bons livros no catálogo, pena que as séries iniciadas ficaram órfãs. Uma pena que eu não faça leituras em inglês, vou torcer para que alguém traga os outros livros. Adorei a dica!
    bjs.
    cila.

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  5. Uau, que legal. Eu adoro esse tipo de história. Como eu nunca tinha ouvido falar desse livro? Não sou muito fã de calhamaços, mas adoro histórias ricamente escritas, e se flui, a gente nem sente que é tão grande, porque quando vê, já leu...

    www.vivendosentimentos.com.br

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  6. Eu adoro calhamaços, principalmente se for de gêneros que gosto. Estou apaixonada pelo enredo e arte. Como faço pra ler ele sendo que tenho uma pilha de livros na frente kkk?

    Abraços

    Imersão Literária

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  7. Oi Ivy,

    Adoro quando os autores trabalham bem ambientações antigas, acabo ficando fascinada pela história.
    Não conhecia essa série e é uma pena que outra editora não tenha se interessado. Tem tantos livros bons da ID perdidos por ai que mereciam uma segunda chance.

    Bjs
    https://diarioelivros.blogspot.com/

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  8. Olá, Ivy.
    É uma pena que nenhuma outra editora se interessou. Porque pelo o que você falou na resenha eu fiquei morta de vontade de ler a série. E pelo que vi nem esse primeiro tem mais para vender por aqui. Só achei usado.

    Prefácio

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  9. Nossa, faz tempo que esse livro entra e sai nas indicações do goodreads, mas nunca me interessei em saber mais. Gostei da ambientação nos anos 20; amo essa década. Caso eu leia, já vou preparada para o excesso de páginas..
    Beijos
    Balaio de Babados

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  10. Oi, Ivy
    Me mata essas editoras que começam um trabalho e não terminam. Infelizmente acontece com muitas séries :/ Eu gostei bastante da proposta do livro e do fato de ser bem ambientado, só não me agrada o ano em que a história é narrada, eu não curto livros muito do início do sec XX, sou bem fresca hahahha mas vou anotar a dica!
    Beijo
    http://www.capitulotreze.com.br/?m=1

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  11. Nossa eu amei essa premissa socorro!!! Os pontos que você ressaltou também me conquistaram porque é algo que eu mesma reparo nos livros e gosto demais!
    Nem sabia da existência desses livros, mas fiquei triste que só tem um publicado aqui, coloquei na wishlist os em ingles e espero que consiga ler, ainda tenho um pé atras com livros grandes demais, mas quem sabe né!! Adorei o post e a fanart!

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  12. Oi Ivy! Eu tenho o primeiro, mas acabei nem lendo por ter sido abandonada a publicação por aqui. Uma pena, eu queria muito conferir a série completa. Que bom que você curtiu. Bjos!! Cida
    Moonlight Books

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  13. Oi Ivy, tudo bem?
    Assim como você, prefiro livros mais enxutos. Com capítulos curtos, melhor ainda. Gosto de agilidade! Mas mesmo assim eu leria esse livro, porque achei incrível a ambientação e a proposta, estou já mega curiosa pelos crimes. Vou ficar na torcida pra outra editora resgatar.
    Beijos,

    Priih
    Infinitas Vidas

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  14. Oi Ivy, tudo bem?

    Não tenho problema com livros longos desde que o autor tenha conteúdo para sustentar a história, algo que infelizmente no últimos livros que li não acontece. Amo capítulos curtos, pois capítulos longos me dão a sensação que estou lendo sem sair do lugar e isso me desanima bastante.

    Me recordo desse livro na época que a ID lançou por aqui, mas acho que nunca tinha lido uma resenha dele. A premissa me conquistou completamente! Vou ficar na torcida para que alguma editora decida resgatar a obra.

    Beijos;*
    Ariane Reis | Blog My Dear Library.

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  15. Oi Ivy,
    Ah, acho que esse lance dos crimes deve ajudar movimentar a narrativa, daí as páginas devem passar sem nem a gente sentr.
    E acho que daria uma boa adaptação, principalmente por esse cenário nos anos 20 que é puro luxo.
    Uma pena sobre a editora ID, eles tinham muitas publicações interessantes e autores que poucas editoras se interessam por aqui.

    tenha uma ótima semana :D
    Nana - Canto Cultzíneo

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  16. Oi, Ivy!

    Parece ser muito bom o livro!! Também particularmente não curto muito histórias assim longas, ainda mais quando claramente dava pra encurtar e ser mais objetivo. Mas se a premissa é boa, vale a pena!

    xx Carol
    https://caverna-literaria.blogspot.com/

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  17. Oi Ivy,
    Eu AMO um calhamaço, então seu ponto negativo não é ruim para mim, rs.
    Se eu pudesse, leria a obra agora, principalmente pelo vilão ser convincente e os diálogos serem inteligentes, isso me empolga!
    beijos
    http://estante-da-ale.blogspot.com/

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  18. O tamanho desse livro realmente me assustou um pouco hahahaha. Eu não conhecia o livro, mas já gostei da resenha e premissa. AO diálogos inteligentes

    www.saidaminhalente.com

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  19. Oi, tudo bem?
    Eu não conhecia esse livro, mas achei a premissa muito interessante. Só fiquei com o pé atrás quando você falou que a parte dos crimes foi assustadora. Eu sou muito medrosa, então, não sei se a leitura funcionaria bem para mim. Mas de qualquer forma, adorei conferir sua resenha e me pareceu um livro realmente interessante. Tomara que alguma editora resolva publicá-lo novamente no Brasil.
    Beijos!

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